Entrevista:O Estado inteligente

sábado, fevereiro 28, 2015

REINALDO AZEVEDO Já dá para ouvir o 15 de março


Folha de S Paulo 27/2/15

"Soc, poft, pow! Coxinha. Golpista!"

Eis o som presente do mar futuro de gente nas ruas no próximo dia 15. Ali vão as onomatopeias e vitupérios produzidos pelos milicianos petistas contra pessoas comuns, que pagam impostos e estão cansadas de ser roubadas. Pois é... Os companheiros acham que chegou a hora de nos pegar na porrada.


Na segunda, enquanto Lula e seus "tontons macoute" faziam um ato "em defesa da Petrobras", no Rio –o que supõe distribuir sopapos didáticos para ensinar a essa brasileirada o valor do patriotismo–, a Moody's anunciava o rebaixamento da nota da estatal. Bastava que caísse um degrau para passar do azul para o vermelho, do grau de investimento para o especulativo. Mas a agência empurrou a empresa escada abaixo: a queda foi logo de dois –e ainda com viés negativo.
A presidente Dilma Rousseff, com a clarividência habitual, atribuiu a decisão "à falta de conhecimento". É verdade. A agência, o mercado e todo mundo desconhecem, por exemplo, o balanço da empresa. O que se dá como certo é que o governo indicou uma diretoria para o exercício da contabilidade criativa, com Aldemir "Hellôôô" Bendine à frente. A crise, no Brasil, também é brega.
A realidade ganhava, assim, traços de caricatura, de narrativa barata, de roteiro de filme de segunda linha. Enquanto Lula, o grande sacerdote do modelo que levou a Petrobras ao desastre, oficiava na ABI mais uma de suas missas macabras, disparando contra elites imaginárias, a empresa passava a arcar com mais um custo das forças malignas que ele conjurava. Havia pouco, Paulo Okamotto, o sócio do Babalorixá de Banânia, explicara em entrevista como o partido lida com as empreiteiras: "Funciona assim: 'Você está ganhando dinheiro? Estou. Você pode dar um pouquinho do seu lucro para o PT? Posso, não posso.'"
Das expressões ou palavras que criei para definir esses seres exóticos, "petralha" é a mais popular, mas não é a de que mais me orgulho. Gosto mesmo é de "burguesia do capital alheio", que é como chamo os companheiros desde meados da década de 90, antes ainda de sua ascensão, quando fingiam ares de resistência.
Sempre me impressionou a facilidade com que se insinuavam nas estruturas do Estado e das empresas privadas e passavam a ser beneficiários do esforço de terceiros. Voltem lá a Okamotto. Jamais lhe ocorreria indagar se os empresários podem dar um pouco do seu risco ao PT. O partido se apropria é de uma parte do lucro. A expressão que criei serve para designar o petismo, mas poderia definir a máfia.
O modelo entrou em colapso. Se Dilma será ou não impichada, não sei. Como escrevi nesta Folha, golpe é rasgar a lei e a Constituição democraticamente pactuadas. O que dá para saber, e isto é certo, é que a pantomima petista chegou ao fim. O custo é imenso. E vai cobrar a fatura de gerações, podem escrever. As ruas vêm aí, e Lula, o irresponsável da segunda-feira, com seus milicianos, nada pode fazer pela governanta. Ao contrário: é ele, hoje, quem a desestabiliza.
A presidente tem de se escorar no braço de Eduardo Cunha e repetir Blanche DuBois, a doidona de "Um Bonde Chamado Desejo", quando decide seguir pacificamente para o hospício, em companhia de um alienista: "Seja você quem for, eu sempre dependi da boa vontade de estranhos".

sexta-feira, fevereiro 27, 2015

Match point em Lisboa - Nelson Motta

Match point em Lisboa - Jornal O Globo

Match point em Lisboa

A cena é uma bola de tênis equilibrada sobre a rede, antes de cair, sem qualquer razão ou motivo, para um lado ou outro da quadra, definindo o jogo. O filme é "Match point", de Woody Allen, mas poderia ter acontecido domingo em Lisboa, no estádio de Alvalade, onde fui assistir o Sporting x Gil Vicente pelo campeonato português, que aqui ninguém chama de Portuguesão.

Convidado por amigos torcedores do Sporting, que equivaleria no Rio de Janeiro ao Fluminense, enquanto o Benfica seria o Flamengo e o Porto, o Vasco da Gama, adorei o estádio moderníssimo e especialmente o bufê espetacular em qualidade e variedade no camarote da marca de cerveja que patrocina o campeonato.

Como chegamos muito antes, passamos o tempo comendo e bebendo na parte externa do camarote, numa varanda que avança sobre as cadeiras, no ponto mais alto do estádio. Domingos bebia cerveja; Zé António, vinho; e eu fumava um cigarro, liberado na área aberta, conversando sobre os escândalos políticos brasileiros e portugueses, quando, num gesto mais estabanado, esbarrei na garrafa de cerveja que Domingos havia colocado na mureta do camarote, 20 metros acima das cadeiras.

Ainda vi a garrafa rodando no ar como se em câmera lenta e rumando como um míssil sobre um casal de idosos sentado nas cadeiras lá embaixo. Paralisado pelo pânico, não consegui nem gritar, vendo a garrafa passar raspando a cabeça branca da senhora e explodir atrás da cadeira. Enquanto gritávamos desculpas desesperadas, o casal estava assustadíssimo e justamente indignado. Um deles poderia ter morrido.

Naquela fração de segundo em que a garrafa passava raspando a cabeça da senhora e, talvez movida pelo vento do momento e do acaso, se desviava, minha vida poderia ter mudado. Me vi um homicida imperdoável, devastado pela culpa, vivendo um filme de terror numa terra estrangeira. Para piorar, a garrafa assassina era da patrocinadora do campeonato.

Dez minutos depois, um segurança do estádio, muito educado, veio saber o que havia acontecido. Nos desculpamos, e o caso foi encerrado. A cervejaria decidiu colocar uma proteção de acrílico na mureta.



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Risco Petrobras, risco Brasil - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO: Risco Petrobras, risco Brasil - CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O GLOBO - 26/02

Todo o mercado de petróleo está em retração. Com a queda de preços,companhias desistem dos investimentos mais caros


A inflação já estourou o teto da meta e vai continuar assim ao longo deste ano. Produção e consumo vão devagar, quase parando. Contas externas continuam no vermelho. Contas públicas são arrumadas a custo de corte de gastos, inclusive em benefícios sociais, e carga tributária.

O brasileiro já entendeu tudo. Pesquisa do Instituto Datapopular mostra que as pessoas esperam para este ano mais inflação, menos emprego, mais impostos e nada de aumento de salário.

Mas não há expectativa de desastre ou de uma crise aguda, não por causa do cenário econômico.

Por exemplo: a inflação em 12 meses, medida pelo IPCA-15 de fevereiro, bateu em 7,36%. Qual a previsão consensual entre os especialistas para o final do ano? A mesma coisa, 7,33%, tal como se vê no Relatório Focus, veiculado toda segunda-feira no site do Banco Central e que resume a opinião de fora do governo (consultorias, instituições financeiras, institutos de estudo e pesquisa).

O dólar tem oscilado entre R$ 2,80 e R$ 2,90. Expectativa para dezembro? R$ 2,90, e se chegar a R$ 3, pouca gente vai estranhar. Bate na inflação, encarece o importado, mas o BC agora parece mais sério no esforço de alcançar a meta de 4,5%, ainda que lá na frente. A taxa de juros vai subir de novo na próxima reunião.

Por outro lado, o dólar caro o ano todo deve ajudar a reduzir o déficit das contas externas, barateando exportações e encarecendo as viagens internacionais.

Também ninguém espera um desastre nas contas públicas. Ao contrário, é certo que estarão bem melhor do que ano passado só com a eliminação, já em prática, das lambanças do ex-ministro Mantega. Será difícil para o atual ministro Joaquim Levy cumprir a meta de economizar R$ 55 bilhões líquidos este ano, mas ninguém vai achar que é o fim do mundo se economizar uns 40 bi ou até menos que isso. Interromper a trajetória desastrosa dos últimos anos já é um baita avanço.

O país não escapa de uma recessão este ano, também conforme um amplo entendimento entre analistas aqui e lá fora. Logo, o desemprego deve aumentar — e as pessoas já perceberam que está mais difícil arranjar ou trocar de trabalho. Mas quando se estende o cenário para 2016, a coisa melhora no geral. A expectativa é de mais crescimento, com menos inflação e maior equilíbrio nas contas do governo.

Resumindo, 2015 é um ano ruim, pior que 2014, mas será também um período de arrumação. Dia desses, o ministro Joaquim Levy disse que não há tarefa de política econômica que não possa ser feita neste momento. Quis dizer que os problemas estão identificados, as receitas são conhecidas e já foram aplicadas em outras ocasiões. Há também amplo entendimento nisso.

Então, qual o problema, além do desconforto de cruzar este ano?

A Petrobras.

Considerem os investimentos em infraestrutura, por meio das concessões de estradas, portos, aeroportos, transportes a empresas privada — aqui está a única chance de intensificar a atividade econômica. Mas isso não pode deslanchar enquanto as empresas que se ocupam disso, todas clientes e fornecedoras da Petrobras, estiverem mais preocupadas em se livrar da Lava-Jato e vender ativos.

A própria estatal está cancelando obras e devolvendo sondas, plataformas etc. Estaleiros nacionais e estrangeiros que se instalaram por aqui perdem encomendas, sobram com capacidade ociosa. E não são competitivos no mercado externo porque, protegidos aqui, têm preços maiores e tecnologia menos atual.

Além disso, todo o mercado mundial de petróleo está em retração. Com a queda de preços, companhias pelo mundo todo desistem dos investimentos mais caros e, com isso, sobram equipamentos e navios. Aliás, ficaram mais baratos, o que poderia ser uma oportunidade para a Petrobras — que, entretanto, não pode aproveitá-la por causa da política de comprar máquinas com alto componente nacional.

Não foi só roubalheira — com o perdão desse "só".

Além de limpar os balanços do que foi roubado, será preciso mudar toda a política para o setor e eliminar os desastres causados por uma gestão tão equivocada que está merecendo a atenção de especialistas internacionais como um exemplo acabado do que não se deve fazer.

Vai ser difícil, porque depende de circunstâncias internacionais fora de controle e porque a presidente Dilma acha que está tudo indo bem na estatal. Disse, por exemplo, que a agência Moddy's rebaixou a nota da Petrobras por falta de conhecimento do que se faz na companhia. Ora, todo mundo sabe o que se passa lá — e ninguém acha que vai bem.

Acrescente a isso a lista de Janot — a relação de políticos investigados ou denunciados na Lava-jato, que está para sair, e se vê o potencial de impacto na vida política.

Quem mesmo queria acabar com a Petrobras? Ou com o país?


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Lula estimula o conflito social - EDITORIAL O ESTADÃO

PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO: Lula estimula o conflito social - EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADO DE S.PAULO - 26/02

No desespero para salvar o PT de um desastre que a incompetência do governo de Dilma Rousseff torna a cada dia mais grave, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ameaça incendiar as ruas com "o exército do Stédile", a massa de manobra do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Lula acenou com essa ameaça em evento "em defesa da Petrobrás" promovido na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, pelo braço sindical do PT, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Basta abrir as páginas dos jornais ou assistir ao noticiário da televisão para perceber que a radicalização política começa a levar a violência às ruas das principais cidades do País. De um lado, militantes de organizações sindicais e movimentos sociais, quase sempre manipulados pelo PT, aliados a radicais de esquerda; do outro lado, sectários antigovernistas engajados na inoportuna campanha de impeachment da presidente da República. Esses grupos antagônicos se agrediram mutuamente diante da ABI, pouco antes do evento protagonizado por Lula.

Diante do sintoma claro de que o agravamento da crise política em que o País está mergulhado pode acender o rastilho da instabilidade social, o que se espera das lideranças políticas é que ajam com responsabilidade para evitar o pior. Mas Lula, assustado com a possibilidade crescente do naufrágio de seu projeto de poder, parece disposto, em último recurso, a correr o risco de virar a mesa. Não há outra interpretação para sua atitude no evento.

Em seu discurso, o coordenador do MST, João Pedro Stédile, como de hábito botou lenha na fogueira: "Ganhamos as eleições nas urnas, mas nos derrotaram no Congresso e na mídia. Só temos uma forma de derrotá-los agora: é nas ruas". É o caso de perguntar o que Stédile quer dizer com "derrotá-los nas ruas". Mas Lula parece saber a resposta. E aproveitou a deixa, ao falar no encerramento do ato: "Quero paz e democracia. Mas eles não querem. E nós sabemos brigar também, sobretudo quando o Stédile colocar o exército dele na rua". Uma declaração de guerra?

A atitude irresponsavelmente incendiária do ex-presidente é coerente com a estratégia por ele traçada e transmitida à militância petista com o objetivo de reverter a repercussão extremamente negativa para a imagem do PT provocada pelo desgoverno Dilma e, em particular, pelo escândalo da Petrobrás. A ideia é, como sempre, transformar o PT em vítima da "elite", os temíveis "eles" que só querem fazer mal ao povo brasileiro.

Do mesmo modo que para Lula o escândalo do mensalão foi uma "farsa" que resultou na condenação injusta dos "guerreiros do povo brasileiro", o petrolão é coisa de "meia dúzia de pessoas" para a qual Dilma Rousseff "não pode ficar dando trela": "O que estamos vendo é a criminalização da ascensão de uma classe social neste país. As pessoas subiram um degrau e isso incomoda a elite", disse Lula.

Ou seja, o que abala o Brasil não é a ação da quadrilha que, há 12 anos, pilha a Petrobrás e ocupa, para proveito próprio ou do PT, cada escaninho possível da administração pública. Muito menos é a incompetência administrativa demonstrada pelos petralhas que sugam o Tesouro. É - no entender de Lula e companhia bela - a reação dos brasileiros honestos e indignados com a roubalheira e a desfaçatez.

Esse discurso populista pode fazer vibrar a militância partidária manipulada e paga pela nomenklatura petista, mas é inútil para garantir ao PT e ao governo o apoio de que necessitam para tirar o País do buraco em que Dilma Rousseff o meteu ao longo de quatro anos de persistentes equívocos.

O principal aliado do PT, o PMDB do vice-presidente Michel Temer, agora decidiu exigir o papel que lhe cabe como corresponsável pela condução dos destinos do País. Não aceita mais, por exemplo, que o núcleo duro do poder de decisão no Planalto seja integrado exclusivamente por petistas. O PMDB tampouco aceita que os petistas continuem se fazendo passar por bonzinhos na votação das medidas de ajuste fiscal, posicionando-se na defesa dos "interesses dos trabalhadores" e deixando o ônus da aprovação do pacote para os aliados.

Os arreganhos de Lula e do agitador Stédile mostram que a tigrada está cada vez mais isolada - e feroz - na aventura em que se meteu de arruinar o Brasil.


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quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Test vvv

25/2/15


segunda-feira, fevereiro 23, 2015

Modelo elétrico traz custos adicionais - Economia - Geral - Estadão Mobile

Modelo elétrico traz custos adicionais - Economia - Geral - Estadão Mobile

Modelo elétrico traz custos adicionais

O Estado de S.Paulo

A reestruturação do modelo elétrico brasileiro, com o abandono do plano de modicidade tarifária de 2012 e a determinação de transferir para os consumidores os custos reais da operação, tem novos desdobramentos - agora, há uma sucessão de acréscimos não previstos nas despesas com eletricidade, como descreveu a repórter Renée Pereira, na edição de segunda-feira do Estado. As empresas são as mais afetadas pelos ônus adicionais, numa hora de estagnação da economia e de dificuldades para produzir e vender.

Os Encargos de Serviço do Sistema (ESS), criados em 2004 e cobrados para manter a confiabilidade e a estabilidade do sistema elétrico, serão maiores que o previsto. Esses encargos são calculados com base na diferença entre o custo da geração térmica e o Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), referência do mercado à vista de eletricidade.

Com o PLD hoje fixado em R$ 388,00 o MWh, depois de ter chegado a R$ 822,00 o MWh no ano passado, as despesas com a geração térmica para indenizar as usinas geradoras serão maiores. Isso se explica porque, quanto menor é o PLD, maior é a diferença em relação ao custo da energia térmica.

Assim, os ESS deverão atingir R$ 20,00 por MWh, nos cálculos da comercializadora de energia Compass. Em 2013, o montante dos ESS chegou a R$ 6,2 bilhões, conforme consta do site da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Não estão disponíveis os dados de 2014.

Outro acréscimo virá da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), criada em 2002 e que gera recursos remetidos à Eletrobrás para custear a universalização da energia elétrica - a energia destinada à população de baixa renda - e o funcionamento das usinas térmicas situadas na Região Norte.

Somados, os gastos adicionais com ESS e CDE levarão as empresas a pagar até 53% mais pela energia que consomem, estima a Compass. Uma empresa que consuma 30 MW teria de arcar com custo adicional de R$ 20 milhões por ano. Prevê-se para este ano que o CDE necessite arrecadar R$ 21 bilhões além do previsto no Orçamento da União.

Segundo especialistas ouvidos pelo Estado, os maiores ônus recairão sobre as empresas. O presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, diz que os consumidores individuais pagarão menos do que as indústrias. Em resumo, o tarifaço também será desigual.





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Lula e seus bons amigos - Opinião - Geral - Estadão Mobile

Lula e seus bons amigos - Opinião - Geral - Estadão Mobile

Lula e seus bons amigos

O Estado de S.Paulo

Conforme foi amplamente noticiado, advogados de empreiteiras sob investigação no escândalo da Petrobrás tentaram obter a interferência política de Luiz Inácio Lula da Silva a favor de seus clientes. Essa informação foi confirmada pelo amigo e sócio do ex-presidente Paulo Okamotto, que preside o Instituto Lula. Por outro lado, a presidente Dilma Rousseff, questionada sobre o episódio pelos jornalistas no Palácio do Planalto, garantiu: "Nós iremos tratar as empresas tentando principalmente considerar que é necessário criar emprego e gerar renda no Brasil. Isso não significa de maneira alguma ser conivente ou apoiar ou impedir qualquer investigação ou qualquer punição a quem quer que seja. Doa a quem doer". A presidente fez ainda uma clara distinção entre as empresas, seus gestores e seus acionistas.

É compreensível que as empreiteiras acusadas de alimentar o propinoduto do petrolão estejam empenhadas em minimizar as consequências da lambança em que se meteram. Mas a consciência cívica do País jamais admitirá que interesses políticos predominem sobre o império da lei. O julgamento do mensalão, em 2012, foi um marco histórico do qual é impossível retroceder sem provocar uma grave fratura institucional. E Dilma Rousseff parece se dar conta disso.

Dessa perspectiva, é essencial que todos os fatos fora da esfera policial e judicial relacionados a esse processo sejam tratados com transparência por autoridades ou figuras públicas. As repercussões políticas negativas das trapalhadas do ministro da Justiça na frustrada tentativa de manter em sigilo a audiência que concedeu a advogados da Odebrecht teriam sido evitadas se tivesse havido transparência, em vez de uma deliberada e, como se viu, inútil omissão na agenda do ministro do nome da empreiteira e do assunto a ser tratado na audiência.

Pois é exatamente diante dessa demanda democraticamente irrecusável - a de agir com transparência quando se trata de assunto de interesse público - que Lula se encontra depois da firme manifestação da presidente da República e de Paulo Okamotto ter feito sua parte e admitido o assédio por parte das empreiteiras. É claro que nenhum empresário procura Okamotto para elogiar seu belo trabalho na presidência do instituto que leva o nome do ex-presidente. Na maior parte dos casos, aliás, Okamotto recebe as pessoas a pedido do próprio Lula. E é de imaginar que, dependendo do assunto a ser tratado, Lula prefira receber com maior discrição, fora de sua base oficial, as pessoas que lhe solicitam "um particular". O ex-presidente é muito bem relacionado nos altos escalões da iniciativa privada, onde cultiva muitos e bons amigos e chega a privar da intimidade de alguns deles.

Por esse motivo conviria ao próprio Lula vir a público para esclarecer como se posiciona diante do assédio de alguns bons amigos cujos interesses estão ameaçados pelo escândalo da estatal petroleira. É claro que semelhante postura contraria frontalmente a prática por ele consagrada de se fechar em copas e fingir-se de morto quando o perigo ronda. E deve-se levar em conta também que, se vier a público para declarar-se indignado com o escândalo e defender a "rigorosa punição de todos os culpados", Lula estará correndo o risco de, como aconteceu no caso do mensalão, ser levado a desdizer-se mais adiante e proclamar que tudo não passou de "uma farsa" que ele próprio, com seus superpoderes, se encarregará de desmontar.

De qualquer modo, o próprio Lula há de convir - especialmente depois das declarações da presidente Dilma Rousseff - que hoje a situação é muito mais complicada e grave do que no caso do mensalão, do qual saiu ileso. E é exatamente a gravidade da situação, principalmente quando considerada do ponto de vista do lulopetismo e de seu projeto de poder, que pode levar a suspeitas de que se tente armar um grande esquema político destinado a tirar do forno o que seria a maior pizza da história da República.

Afinal, muitos dos empreiteiros do País estão sendo levados, uns, ao desespero, e outros, à desesperança pelas provas já colhidas dos delitos que praticaram e pelas ameaças implícitas nas negociações em curso para mais delações premiadas. E a tanto desalento se juntará, dentro de mais alguns dias, o de políticos também corruptos, que serão denunciados no Supremo Tribunal Federal.





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sábado, fevereiro 21, 2015

Princípio de acordo | Celso Ming

Princípio de acordo | Celso Ming


A etapa vencida mostra algumas coisas. Nem a Grécia quer sair do bloco do euro nem o bloco do euro quer perder a Grécia

O princípio de acordo entre a Grécia e o Eurogrupo (reunião dos ministros de Finanças da área do euro) não põe fim ao cabo de guerra.

Esses conflitos lembram os do governo do Brasil nos anos 80. O então ministro Delfim Netto assinava as cartas de intenções com o Fundo Monetário Internacional e não cumpria nenhuma delas. Era uma após outra, como os cigarros sucessivos do tabagista.

Mas a etapa vencida mostra algumas coisas. Mostra, por exemplo, que nem a Grécia quer sair do bloco do euro nem o bloco do euro quer perder a Grécia.

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Varoufakis. Cabo de guerra

Jogar a vaquinha precipício abaixo produziria imensamente mais prejuízo para a Grécia do que o sacrifício pedido do ajuste de contas. Apenas a operação de troca de moedas seria um desastre de vastas proporções, porque implicaria brutal desvalorização do patrimônio das famílias que hoje têm suas propriedades e reservas precificadas em euros. Uma nova moeda (eventualmente o retorno da velha dracma) chegaria fortemente desvalorizada em relação ao euro.

Em caso de necessidade de troca de moedas, um feriado bancário prolongado não evitaria o pânico no país. O eventual calote da dívida poderia proporcionar alívio imediato, mas fecharia as portas para o crédito por muito tempo, como acontece hoje com a Argentina. Como as contas públicas estão desarrumadas, as emissões de moeda abririam as portas para a inflação.

O ponto de maior pressão sobre os demais países da área continua sendo o risco de contágio. A simples rejeição ao programa de ajuste, além de tecnicamente não garantir a recuperação (e, com ela, a capacidade de pagamento da dívida), abriria um precedente pelo qual países mais fracos da área, como Portugal, Itália e, eventualmente, Espanha, poderiam enveredar e colocar em risco a sustentabilidade do bloco.

Ficou demonstrada, também, a fragilidade do argumento, defendido pelo ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, de que programas de austeridade são inaceitáveis. A rigor, a parcela mais importante do programa de ajuste da Grécia não é de medidas que espremem a qualidade de vida dos cidadãos comuns, como aumento de impostos e contenção de salários. São as reformas que eliminam as irracionalidades do sistema, como a moleza na concessão de aposentadorias, os cartórios que beneficiam certos segmentos da população, a eliminação de privilégios, privatização de serviços públicos ineficientes (como o de portos e aeroportos) cuja agenda foi paralisada pelo novo governo de Atenas.

Todas as saídas que não levassem em conta o cumprimento do atual programa de ajuste implicaria obrigar o contribuinte de outros países – e não só os da Alemanha – a pagar pelo menos parte das contas dos gregos.
Como esta Coluna sugeriu em outras oportunidades, essa e outras crises da área do euro vêm expondo o mesmo problema de fundo: a falta de convergência fiscal (e política) do bloco, que pudesse dar sustentação para o euro, e, também, o controle central da administração pública de cada um dos seus membros que proporcionasse um sistema de transferências de recursos que garantam cobertura para casos críticos.

CONFIRA

ReceitaServicosDez

O faturamento do setor de serviços está em retração, como o gráfico mostra. Cresceu no período de 12 meses terminado em dezembro apenas 6%. Não acompanhou nem a inflação do período, que ficou nos 6,4%. A desaceleração da economia chegou ao setor que mais vinha se expandindo.

Peso no PIB

Mais grave, a retração pega em cheio o setor que tem maior participação no PIB, mais de 60%, e é, de longe, não só o maior empregador de mão de obra, mas também de atuação dos autônomos. Nada indica uma reação ao longo de 2015.

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sexta-feira, fevereiro 13, 2015

Sem interlocutor na Petrobrás, Braskem afirma que pode interromper produção - Economia - Geral - Estadão Mobile

Sem interlocutor na Petrobrás, Braskem afirma que pode interromper produção - Economia - Geral - Estadão Mobile

Sem interlocutor na Petrobrás, Braskem afirma que pode interromper produção

MARINA GAZZONI - O Estado de S.Paulo
Sem interlocutor na Petrobrás, Braskem afirma que pode interromper produção
Hoje, a Braskem é a única compradora de nafta no Brasil e maior fornecedora da indústria química.
Divulgação
As denúncias de corrupção na Petrobrás e a troca no comando da companhia deixaram a Braskem falando sozinha em um momento em que a maior petroquímica brasileira precisa renovar com a estatal um acordo de R$ 9 bilhões anuais, que envolve uma matéria-prima responsável por 70% dos custos da petroquímica no Brasil.

O contrato fechado entre as duas empresas para o fornecimento de nafta - derivado do petróleo usado na fabricação de resinas e principal insumo da Braskem - vence no próximo dia 28. Após essa data, quando o acordo perde validade, a Braskem afirma não ter garantia de que receberá a matéria-prima no mês que vem.

Hoje, a Braskem é a única compradora de nafta no Brasil e maior fornecedora da indústria química. Segundo a empresa, que tem como sócios o grupo Odebrecht (38%) e a própria Petrobrás (36%), se a situação chegar ao limite, três polos petroquímicos brasileiros podem ter de interromper a produção.

Sem interlocutor na Petrobrás, Braskem afirma que pode interromper produção
Braskem é a maior fornecedora da indústria química no Brasil atualmente
DANIEL TEIXEIRA/Estadão

"As negociações estavam difíceis. Não vou dizer que elas estão, porque hoje nem temos um interlocutor para falar sobre isso na Petrobrás", afirmou o presidente da Braskem, Carlos Fadigas, em entrevista exclusiva ao Estado na sexta-feira (leia mais na pág B03).

Questionada, a Petrobrás afirma em comunicado que "permanecem os esforços na busca de um acordo, considerando alternativas de curto ou longo prazo". A empresa disse também que realizou reuniões com a Braskem há duas semanas para discutir o tema.

O impasse entre as empresas começou em fevereiro de 2013, quando a Petrobrás anunciou que iria mudar no ano seguinte as condições de um contrato assinado em 2009, com validade de 10 anos. O acordo prevê a entrega de 7 milhões de toneladas de nafta por ano à Braskem, um volume superior a R$ 9 bilhões, considerando as atuais cotações da nafta e do dólar.

Naquela época, a estatal decidiu usar a nafta de suas refinarias na composição de gasolina e, para atender à Braskem, passou a importar o insumo. Desde então, a Petrobrás tenta repassar à petroquímica o custo decorrente dessa importação.

A Braskem, que afirma que isso encareceria o custo da nafta entre 5% e 7%, não aceita pagar uma taxa adicional. O argumento da empresa é que ela está sendo onerada por uma decisão do governo de subsidiar a gasolina no País.

Sem conseguir chegar a um consenso, as duas empresas assinaram dois contratos aditivos. O primeiro, em vigor até agosto de 2014, estendia as condições de preço e entrega por mais seis meses. Já no segundo, que vale até o fim do mês, a Petrobrás garantia a entrega de nafta, mas o preço ficou em aberto. Desde então, a Braskem diz estar produzindo sem certeza de qual é sua margem de lucro: continua pagando à Petrobrás o valor previsto no contrato antigo, mas, em caso de aumento, terá de transferir a diferença retroativamente.

A discussão sobre o preço da nafta afeta toda a indústria química, explica o diretor-fundador da consultoria MaxiQuim, João Zuñeda. "A petroquímica é uma indústria de base e seu custo chega a cadeias como plástico e borracha. Com a incerteza sobre o preço da nafta no longo prazo, ninguém investe."





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segunda-feira, fevereiro 09, 2015

Rich Brazilians, Wary of Government, Look Abroad


Rich Brazilians, Wary of Government, Look Abroad

President Rousseff’s Re-Election Prompts More Wealthy Brazilians to Seek to Move or Set Up Businesses in South Florida, Obtain U.S. Residency


Displeased with his government, Brazilian Jose Antonio Parada, left, was recently shown a development in Miami, where he wants to move.ENLARGE
Displeased with his government, Brazilian Jose Antonio Parada, left, was recently shown a development in Miami, where he wants to move. PHOTO: JOSH RITCHIE FOR THE WALL STREET JOURNAl

MIAMI—Ask rich Brazilians why they are relocating to South Florida, and they cite Brazil’s high crime rates and moribund economy.
But there is another one-word explanation that Alyce M. Robertson, executive director of the Miami Downtown Development Authority, heard frequently on a recent business trip to Brazil: “Dilma.”
That would be Dilma Rousseff , the center-left president who was re-elected in October and is generally loathed by Brazil’s elites.
“After the last election, we were talking to a lot of people concerned about getting their capital out of Brazil,” Ms. Robertson said recently in Miami. These people’s concerns, both in Rio de Janeiro and São Paulo, were “mostly about the politics.”
Brazil’s wealthy and powerful have been buying Miami luxury condos and indulging in Bal Harbour shopping sprees for decades. But in recent months a number of Brazilians have reacted to Ms. Rousseff’s re-election by seeking to lay down longer-term roots in greater Miami and, to a lesser extent, Orlando, New York and Boston.
Although exact figures aren’t available, Miami-based developers, real-estate agents, bankers, retailers and immigration lawyers say growing numbers of wealthy Brazilians are trying to move to the region, set up businesses there, and trying to obtain residency or citizenship for themselves and their families.
“Mainly they feel concerned about the instability of Brazil’s political environment; they don’t want to be the last ones to leave,” said Genilde Guerra, an attorney at Miami-based Kravitz & Guerra law offices.
Ms. Guerra said that the number of phone calls her office receives from Brazilians seeking help in obtaining U.S. visas, buying homes or starting businesses stateside has increased tenfold since the election. And the number of emails she receives daily about getting a green card rose from three or four a day before the election to 25 or 30 a day afterward.
“They want to have a second nationality, a second place to go, and the U.S. is the best place for that,” Ms. Guerra said.
Typical of these upper-class exiles is Regina Sposito Pires, a 45-year-old São Paulo homemaker who was recently scouting for a home in Miami with her family. After considering a move for some time, she made up her mind on Oct. 26 when Ms. Rousseff won a second four-year term in a tight race.
“It was like somebody died,” Ms. Pires said, citing her frustration with Brazil’s high crime rates and government corruption. “I told my husband that what little desire I had to stay in Brazil was gone.”
José Antonio Parada has also joined the exodus. The day after Ms. Rousseff’s re-election, he resolved to fulfill his longtime pledge to move his family to Florida, where he already owns several investment properties, citing politics and security.
“I am very concerned about the [Brazilian] government’s proximity to other governments like Venezuela, Cuba,” the 48-year-old São Paulo currency broker said, adding that his São Paulo house was broken into twice—once when he was at home.
Nearly three million Brazilians live outside their country of 200 million, according to 2013 data from the Brazilian Foreign Ministry, about one-third of them in the U.S. Companies that monitor Brazilians doing business in Florida believe that about 250,000 to 300,000 Brazilians now live in the Sunshine State.
Brazilians also account for a majority of Miami’s tourists, 51% in 2013, and its cumulative investments, $1.7 billion, Miami statistics show.
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The latest wave of Brazilians migrants tends to differ from prior ones. During the ’80s and ’90s, unemployment and high inflation in Brazil pushed thousands of Brazilians to move to the U.S. Many took jobs as unskilled laborers and sent as much money home as possible.
Today’s Brazilian migrants are likely to bring their wealth with them. Like other Latin Americans, including Cubans, Colombians and Venezuelans, Brazilians have long regarded Miami as a safe place to park their money during periods of political and economic upheaval at home.
Brazilians are among Miami’s top three foreign buyers of high-price real estate, along with Argentines and Venezuelans, two other troubled economies. That is despite—or, some say, because of—the dramatic weakening of Brazil’s economy.In the past year, Brazil’s currency, the real, has lost about a fifth of its value against the dollar. The country’s inflation rate is nearing the government’s target limit of 6.5%, and economists project the GDP to barely budge this year. It is a big turnaround from the previous decade when a commodities boom fueled strong growth and Brazil became a star among emerging market economies.
Alicia Cervera Lamadrid, whose Cuban-American family owns a Miami real-estate company, said Brazilian business people started buying luxury units in one residential tower on Miami’s Brickell Ave. neighborhood in the early 1980s, a time of high inflation and stagnation in Brazil.
“The people that moved into that building were so powerful that they started referring to that building as the Brazilian congress,” Ms. Cervera said.
Cristiano Piquet, a Brazilian former race-car champion who now sells high-end Florida real estate, said that in 2014 “we could not keep up with the demand” from Brazilian clients, who are doubling down on their U.S. investments.
“They’ve been making money for the last 12 years, so they have their pockets full of cash,” Mr. Piquet said.
Mr. Piquet said that more Brazilians now are buying and renting commercial income properties as well as homes.
“Office buildings, warehouses, hospitals—we just sold an L.A. Fitness [in Miami] for a Brazilian guy,” Mr. Piquet said. “A Brazilian bought a car dealership. And also they’re buying land and planning on developing.”
Brazilians coming to Miami increasingly find positive aspects of the lives they left behind: not only beaches and a tropical climate, but growing numbers of restaurants, nightclubs and retail stores catering to them.
“I don’t miss that much,” said Marco Fonseca, 47, a real-estate broker from Rio de Janeiro who became a U.S. citizen in 2001 and estimates that 65% of his clients are Brazilian.
“We have here everything that we need: movies, we have the Brazilian channels, the Brazilian supermarkets, you can buy a picanha,” Mr. Fonseca said, referring to a cut of beef prized by his countrymen.
“Miami is the biggest Brazilian city outside of Brazil right now.”

It is a big business for developers in South Florida. With dozens of residential condos underway in Miami alone, Brazilians and other foreign buyers are certainly helping shape the market. 
South Florida continues to increasingly attract consumers worldwide. A year ago, Brazilians led the pack on a list of consumers searching for Miami Properties.
According to the MIAMI Association of Realtors, Brazil ranked first among foreign consumers "searching" for Miami homes on their web portal. New numbers are expected to be released this semester. 
Richard Wright

I have a number of Hispanic friends in South Florida who I visit regularly, and while it is true you have a large Latin population, for the most part it is like any other American city. There are some enclaves where Spanish is mostly spoken, but that has always been the case in the US. In time the young move out on their own and blend in with our culture, though with their own flavoring, and that is true with many of these new groups, though not so much it seems with Mexicans at this point in time. Too many at once possibly with them .

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