Entrevista:O Estado inteligente

domingo, setembro 18, 2016

Pura mitologia - Política - Estadão

Pura mitologia - Política - Estadão

Pura mitologia

Lula zombou do Ministério Público sem que isso sirva para ajudá-lo na Justiça. Mas deu motivos aos interessados em atrapalhar as investigações que, não por acaso, lhe deram toda razão.

João Santana captou de forma certeira a essência de Luiz Inácio da Silva quando contou como explorou para efeito de propaganda política a dupla personalidade do personagem: o fortão e o fraquinho. Ambos viventes do mesmo corpo entram em cena de acordo com a necessidade.

O forte atua para intimidar e se vangloriar; o fraco para fazer-se de mártir. O primeiro encarna o humilde que virou poderoso contra tudo e contra todos e o segundo faz o papel de vítima das elites, alvo de preconceito de classe, um injustiçado, mas resistente benfeitor dos pobres. Santana revelou o truque ao público há dez anos e até hoje ainda há quem se deixe iludir por essa artimanha.

E não se fala aqui do fiel depositário dos benefícios sociais, que não os vê como direito, mas como concessão paternal. Fala-se das camadas mais informadas, cientes de todos os fatos e atos que revelaram a mentira da bandeira do PT pela ética na política. Caíram no conto quando da condução coercitiva de Lula para depor na Polícia Federal e voltaram a morder a isca quando da denúncia apresentada pela força-tarefa da Lava Jato, na semana passada.

Por ocasião da coercitiva, ato que já havia sido aplicado a vários investigados na operação, Lula encenou o fortão: agressivo, avisou que haviam tentado abater "jararaca", mas não conseguiram matá-la.

Atingiu o objetivo de inocular desconfiança na atitude dos investigadores que, por essa versão, teriam cometido abusos, exagerado, montado um "circo". Pois de lá para cá surgiram novos indícios, novas revelações contidas nos depoimentos das delações premiadas, que justificavam o ato. Lula deveria sim ser tratado como vários outros investigados também conduzidos da mesma forma a prestar esclarecimento sem que houvesse reação contra o "absurdo".

A diferença é que o ex-presidente é o que resta ao PT e, nessa condição, precisa alimentar o mito do intocável. Naquela ocasião, recorreu ao fortão que mete medo. Nessa recente, subiu ao palco o fraquinho que produz necessidade de expiação de culpa e resgate da "dívida social". Ambos cultivam terreno fértil à semeadura da enganação.

A contundente, adjetivada e detalhada exposição das razões pelas quais foi apresentada a denúncia contra Lula propiciou a propagação da ideia de que os procuradores extrapolaram, produziram um show e nada comprovaram que pudesse corroborar a convicção de que o ex-presidente esteve no topo do esquema de corrupção que sem seu conhecimento não teria como funcionar naquela dimensão.

Fizeram isso de maneira transparente, apresentando as evidências até agora recolhidas, respondendo depois às perguntas dos jornalistas. Obviamente não revelaram tudo. Quando o Ministério Público divulga resultados de investigações é porque detém muito mais informações para respaldar as afirmações.

Já Lula fez as coisas de forma nebulosa. Pronunciou-se sem abordar o mérito das acusações, protegido pelos aplausos da militância reunida no Diretório Nacional do PT. Deu a satisfação que quis, fugindo daquelas que seria instado a dar caso tivesse aberto espaço aos questionamentos da imprensa.

O ex-presidente acusou o golpe recebido com a denúncia. Disse que não estava "entendendo" o que se passava, mas compreendia perfeitamente o que daqui em diante pode lhe acontecer. Fosse de fato inexistente a substância do material na posse do MP, ele teria rebatido ponto a ponto sem o auxílio de recursos histriônicos nem teria precisado sustentar sua diatribe aos procuradores numa mentira: "Não temos provas, mas temos convicção", a frase de impacto que nunca foi dita.

Lula zombou do Ministério Público sem que isso sirva para ajudá-lo na Justiça. Mas deu motivos aos interessados em atrapalhar as investigações que, não por acaso, lhe deram toda razão.



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quinta-feira, setembro 15, 2016

Ainda falta o petrolão | Merval Pereira - O Globo

Ainda falta o petrolão | Merval Pereira - O Globo

Ainda falta o petrolão

A prova de que o ex-presidente Lula é o dono do tríplex dificilmente vai existir de forma material. Evidentemente, aquele apartamento estava sendo preparado para ele. Se juntar com o sítio de Atibaia, que as cozinhas foram compradas no mesmo lugar, as empreiteiras PAS e Odebtrecht, que ajudaram a reformar, o armazenamento das coisas dele pela OAS, tudo foram favores e são provas contra ele. E ainda tem outros processos, como petrolão, onde é acusado de ser o chefe da quadrilha.

Ouçam os comentários da radio CBN:




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O Comandante | Merval Pereira - O Globo

O Comandante | Merval Pereira - O Globo

O Comandante

Mais importante, a longo prazo, que as denúncias pontuais feitas ontem ao ex-presidente Lula pela Operação Lava Jato, é a caracterização dele como "o comandante máximo do esquema de corrupção da Petrobras" ou "o verdadeiro maestro dessa orquestra criminosa", palavras duras usadas pelo Procurador Daltan Dallagnol, coordenador da Força-Tarefa de Curitiba.
As denúncias podem levar, a curto prazo, à condenação de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas é a acusação explícita de que ele é o chefe do esquema de corrupção que foi montado em seu governo desde o mensalão até o petrolão que o atinge politicamente de maneira quase letal, ao mesmo tempo que gerará a maior pena, caso seja aceita quando apresentada.
O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que está a cargo do processo-chave sobre o esquema de corrupção, já disse em alguns despachos que Lula é o chefe do grupo criminoso. Como já escrevi aqui, a justiça brasileira levou quase 10 anos para ter condições políticas de denunciar o ex-presidente Lula como chefe da quadrilha, que todo mundo sabia que era desde o início, no mensalão.
 Agora ficou demonstrado que mensalão e petrolão são a mesma coisa – um segmento do mesmo esquema de corrupção montado pelo PT no Palácio do Planalto, que não poderia funcionar sem que Lula fosse o chefe, como sublinhou Dallagnol ontem.
A denúncia dos Procuradores de Curitiba foi contextualizada dentro de um esquema de corrupção que teria três objetivos: montar uma base política de apoio no Congresso, a perpetuação no poder, e o enriquecimento ilícito de lideranças políticas. O apartamento tríplex no Guarujá e o armazenamento de pertences pessoais de Lula por 5 anos, a cargo da empreiteira OAS, são apenas parte desse último ramo do esquema, e não apenas eles.
Lula ainda está sendo investigado pelo pagamento de palestras que os investigadores desconfiam que foram superfaturadas, e em alguns casos nem existiram, o lobby a favor de empreiteiras em países amigos, e pelo sítio em Atibaia que também teve outra empreiteira, a Odebrecht, a fazer reformas e melhorias.
Essas e outras denúncias serão reforçadas pelas delações premiadas de Leo Pinheiro, da OAS, e Marcelo Odebrecht. Pinheiro já disse na delação premiada que foi anulada por Janot, que o triplex foi abatido da propina devida ao PT.

A obstrução da Justiça, para evitar a delação de Nestor Cerveró, é outra investigação que está em progresso. Juntando-se as vantagens pessoais com o esquema de corrupção montado a partir da sua chegada ao Palácio do Planalto para comprar apoio político e manter o PT no poder o maior tempo possível, temos um retrato de um grupo político criminoso que tomou de assalto as instituições do país.
E que pode ter cometido crimes antes mesmo de chegar ao poder central.  A Operação Lava Jato está também exumando outro fato escabroso, os aspectos políticos do assassinato do ex-prefeito Celso Daniel, de Santo André. O publicitário Marcos Valério confirmou ao Juiz Sérgio Moro que foi procurado para resolver uma questão financeira envolvendo uma chantagem do empresário Ronan Maria Pinto contra líderes do PT José Dirceu e Gilberto Carvalho.
Ele confirmou que o empréstimo do Banco Sachin foi para pagar essa chantagem, e em troca o Banco ganhou uma encomenda bilionária da Petrobras para compra de sondas. Valério, no entanto, se recusou a revelar a razão da chantagem, assumidamente por receio de ser alvo de represálias." O senhor não pode garantir a minha vida", disse a Moro.
Bruno, irmão de Celso Daniel, e outros parentes do ex-prefeito de Santo André consideram que foi crime político, ele teria sido assassinado para evitar que denunciasse esquemas de corrupção em financiamento de campanhas petistas e de aliados. O conjunto da obra não é nada favorável àquele que já foi o maior líder político deste país.



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quinta-feira, setembro 01, 2016

Artigo: ‘A melancolia do futuro que não chega nunca’, por Cora Rónai - Jornal O Globo

Artigo: 'A melancolia do futuro que não chega nunca', por Cora Rónai - Jornal O Globo

Artigo: 'A melancolia do futuro que não chega nunca', por Cora Rónai

A uma certa altura da longa segunda-feira que assistiu à defesa de Dilma Rousseff no Senado Federal, o senador Cristovam Buarque fez uma excelente pergunta. Quis saber da presidente afastada que qualidades identificara em Michel Temer para escolhê-lo como vice não uma, mas duas vezes. Ela falou muito, mas disse pouco. Na verdade, não disse nada que respondesse diretamente à pergunta, e assim perdemos a oportunidade única de descobrir qualidades em Temer.

A desconexão entre perguntas e respostas foi grande ao longo do dia, a tal ponto que era difícil saber o que exatamente era resposta a quê. Culpo a "presidenta" apenas em parte por isso. Nosso Senado não é muito melhor do que a Câmara; apenas percebeu a péssima repercussão da inesquecível sessão de 17 de abril, e tentou mostrar mais compostura. Sobraram "excelências" para cá e para lá, mas faltaram objetividade e boa fé, de todos os lados.

A impressão que me ficou foi a de uma profunda melancolia, a melancolia do que poderia ter sido mas não foi, de constatar que, tantos anos passados, continuamos a ser o país de um futuro que não chega nunca.

Foi triste perceber, ainda uma vez, o nível dos nossos representantes, e a arapuca em que o PT nos meteu, ao indicar à Presidência uma pessoa tão despreparada para o cargo. Dilma parece crer que fez ótimo governo, e que não errou; quando fala em "erros" é de forma vaga e genérica, como se fizesse uma ligeira concessão à opinião pública. Por isso chegou aonde chegou, a esse final solitário, tão conveniente para a narrativa que o seu partido constrói.

O PT agora é vítima de novo. Das elites, da mídia, da CIA, dos tucanos e, claro, do PMDB. Com quem está, mais uma vez, urdindo acordos nos municípios — mas isso, com certeza, não vai entrar no documentário.

É tudo um circo.

Atirada aos leões, Dilma se portou com dignidade e demonstrou valentia e resistência ao aguentar o interrogatório interminável vindo, tantas vezes, de gente a quem ninguém deveria sequer dar bom dia.

Infelizmente, se tem a força das suas convicções, Dilma tem também a fraqueza das suas ideias e da sua desconexão com a realidade do país; e, na sessão histórica do Senado, elas falaram mais alto do que qualquer outra coisa.

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2 comentários


  • Marcelo Silva Santos

    golpistas desde sempre,houve inumeros problemas a partir de 2014,,vcs entendem é de golpe,getulio,jango,collor e dilma,,jornalistas capangas,vendidos,sem carater,se vendem por dinheiro

  • Flávio Nóbrega Barbosa da Fonseca

    A Dilma, quando sai do script para ela preparado, é um desastre. Incapaz de concatenar seu raciocínio, sem qualquer familiaridade com números, se enrola toda (vejam o trecho dos 30% de 25%). Resumindo a ópera, ou a tragédia, esta criatura é TOTALMENTE DESQUALIFICADA para o exercício de qualquer função executiva. Vai para casa Dilma. Cuide dos seus netos e quebre outra lojinha de R$ 1,99. Você já praticou bastante quebrando o Brasil.




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