Entrevista:O Estado inteligente

domingo, fevereiro 28, 2016

Petróleo e poder - Economia - Celso Ming Estadão

Petróleo e poder - Economia - Estadão

Petróleo e poder

Enquanto a Opep concentrou perto de 30% da oferta global, a economia do Ocidente permaneceu dependente de tudo quanto acontecia no pedaço do mundo que os geógrafos denominam Oriente Médio.

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Mas, a partir de 2005, o jogo começou a mudar. A produção de óleo e gás de xisto, deixou os Estados Unidos autossuficientes e até mesmo exportadores de petróleo. Os produtores do Oriente Médio, especialmente a Arábia Saudita, sentiram que a nova relação econômica lhes tirava poder de barganha.

A reação aconteceu em outubro de 2014, quando o cartel da Opep, liderado pela Arábia Saudita, decidiu não reduzir a oferta, o pleito de então, para dar mais equilíbrio ao mercado.
O objetivo declarado foi provocar queda de preços capaz de inviabilizar os negócios dos recém-chegados produtores de óleo de xisto. Dessa maneira, ficaria neutralizada parte da vantagem geopolítica dos Estados Unidos recentemente adquirida. De quebra, seria prejudicado também o Irã, inimigo da Arábia Saudita, que voltaria ao mercado (depois do boicote) com preços aviltados.
A partir da decisão da Opep, os preços do petróleo despencaram da altura dos US$ 100 por barril (de 159 litros) para os US$ 30, onde oscilam hoje. A manobra saudita produziu efeitos inesperados. Em primeiro lugar, derrubou os preços a níveis muito abaixo dos imaginados. Ninguém contava com fundamentos de mercado tão desequilibrados. Em segundo lugar, não prejudicou apenas a área do xisto, mas, também, membros da Opep, como Iraque, Equador e Venezuela. Terceiro, acabou levando bom número de produtores a vender ainda mais óleo para compensar, com mais volume, a queda de receitas e o comprometimento do seu orçamento, decisão que contribuiu para aviltar ainda mais os preços.
Um quarto efeito inesperado aconteceu na área do xisto. Embora bom número de empresas tenha sido ao menos temporariamente alijado do mercado ou ficado à beira da falência, o fato é que o setor passou a operar com custos muito mais baixos, graças a avanços tecnológicos e operacionais.
O resultado prático é o de que o petróleo não precisará voltar aos US$ 100 por barril para viabilizar o xisto. Bastará, provavelmente, que retorne aos US$ 50 por barril, como tantos esperam, para recompor o setor. Assim, outra vez, a equação geopolítica que a Arábia Saudita esperava alterar voltará a ficar favorável aos Estados Unidos.
As sucessivas reuniões de países da Opep e de fora da Opep para pressionar por redução da produção são tentativas aflitas de aumentar as receitas dos produtores. O problema é que ninguém consegue convencer o Irã a que, depois de quatro anos de boicote e de jejum, deixe de despejar seu petróleo nos mercados. E há o risco do pouso forçado da China que faz o jogo contrário: reduz a demanda de petróleo e embola ainda mais o jogo.
Aí está a variação das cotações ordinárias (com direito a voto) da Oi desde 30 de setembro de 2015.

Socorro!

A companhia de telefonia Oi tem uma dívida de R$ 60 bilhões, 30 vezes maior que seu atual valor de mercado. As tentativas feitas nos últimos 13 anos para salvar a empresa desembocaram num beco sem saída. Tudo se passa como se os atuais dirigentes esperassem socorro do governo. Mas o Tesouro é um pote quebrado. Mesmo se não estivesse quebrado, teria outras prioridades, como a capitalização da Petrobrás.

 



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