Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, março 17, 2015

Fernando Henrique diz que ‘não é crível’ que Lula e Dilma não soubessem de esquema na Petrobras

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Na ativa. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso destacou a sua produção acadêmica após deixa a presidência - Leonardo Soares / Leonardo Soares
RIO - Em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada nesta terça-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou não acreditar que Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff estivessem alheios ao esquema de corrupção formado na Petrobras. “Em português claro: não é crível que o que aconteceu na Petrobras fosse desconhecido por quem estivesse no poder, seja Lula seja Dilma. Não digo que estejam involucrados no assunto, mas não é crível que estivessem alheios”, apontou ao jornal.
Quando perguntado sobre a delação do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que disse ter começado a receber propina em 1997, o ex-presidente respondeu não temer a apuração do que foi dito. “Li todos os depoimentos do Barusco. Foi um ato individual dele. A institucionalização veio depois de 2004. Ele foi claro. Não existe isso, mas não tenho nenhum medo que se apure. Não tenho nada a ver com isso”, assegurou.
Para FH, o sentimento popular é de indignação em relação à corrupção "bem incrustada no Estado''. O ex-presidente também destacou que o governo precisa reconhecer que errou e que não pode fugir das responsabilidades:
“O governo pode vir a recuperar a iniciativa, mas não vai recuperar com ministro enrolando na televisão. A resposta da reforma política não é crível. A saída é ir mais fundo nas investigações e reconhecer: erramos. Quantas vezes não disse que errei por não ter ajustado o câmbio antes de 1998? Tinha mil razões para dizer porque não ajustei, mas não importa. Não se pode fugir da responsabilidade histórica.”
Outro assunto levantado durante a entrevista foram as manifestações de domingo, quando também houve panelaço. Na opinião de FH, os últimos protestos são diferentes dos realizados em 2013. “Em junho de 2013, você tinha uma multiplicidade de objetivos, um mal-estar generalizado. Agora esse mal-estar se transformou em indignação contra quem representa o poder, que é Dilma. Politizou mais”, disse o ex-presidente, que também analisou o protesto com panelas: “É uma coisa curiosa. Não é o governo que está surdo para a sociedade. É a sociedade que está surda para o governo. É grave isso”.
O ex-presidente também comentou a ausência de lideranças do PSDB em carros de som nas ruas: “Não estamos na posição de cavalgar em um movimento que é mais amplo que o partido. O movimento ainda não têm um caminho político claro, nem mesmo obscuro, é apenas uma explosão. A responsabilidade dos partidos é construir esse caminho agora, que passa por ser muito rígido e rigoroso na apuração dos fatos. Evitar qualquer tipo de pizza e marmelada e envolva quem quer que seja.”
Para ele, fugir das responsabilidades é o que tem feito o ex-presidente Lula. Fernando Henrique afirmou que seu sucessor sumiu após convocar o MST e a CUT para as ruas:
“O presidente Lula foi fazer uma declaração absolutamente imprópria, de pedir que os exércitos da CUT e do MST fossem para a rua. Depois ele se cala? Não se sente responsável se depois os ânimos se acirrarem? Ele sumiu e agora só Dilma que é culpada? Só se lê nos jornais que Lula reclamou da Dilma. Que é isso?”
FH também citou o que chamou de desatinos que o governo praticou em áreas como a da política de campeãs nacionais, retenção do preço da gasolina e da política energética. “São responsabilidades de Lula e Dilma e do partido deles que conduziu esse processo. Agora dizem que foi o Guido?”
Sobre se aceitaria um convite da presidente para conversar, o ex-presidente ressaltou que não recusaria, mas que teria que ser em público, pois "não é hora para conchavo'': “Nunca recusei chamado de ninguém para conversar. Nem da Dilma. Agora o momento não é de conchavo. Se a presidente achar que é momento de chamar, deve ser público. Não se pode conversar sem pauta. Não sei se ela tem força convocatória, porque não tem que chamar só a mim. Tem que ampliar. Agora temos que digerir, todos nós, esse processo todo e ver o que vai acontecer nas próximas semanas. Vamos ver se o governo vai pagar o preço de correr mais fundo esse processo de estabelecimento das responsabilidades.”

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