Entrevista:O Estado inteligente

domingo, novembro 30, 2014

A Galinha Pintadinha de Vermelho Reinaldo Azevedo

folha de s paulo

28/11/2014 

A presidente Dilma Rousseff recebeu na quarta-feira dois representantes de ninguém, que lhe foram cobrar isso e aquilo. Refiro-me a Leonardo Boff e a Frei Betto, expoentes da "Escatologia da Libertação". No dia anterior, eles tinham assinado um manifesto contra as indicações de Joaquim Levy e Kátia Abreu (ainda por fazer) para, respectivamente, os ministérios da Fazenda e da Agricultura. A imprensa, sempre generosa com os autores de uma obra seminal chamada "A Galinha e a Águia", os chamou de "intelectuais do PT", um oximoro delicioso. Outro "scholar" a assinar o tal manifesto é João Pedro Stedile. Eis um trio que nunca invadiu o terreno produtivo das ideias.

Guilherme Boulos, o dono da maior imobiliária de São Paulo, não estava junto? Que pena! Eis um "intelectual" que tem os dois pés no chão. E as duas mãos também, como diria Ivan Lessa. Ele me quer no ministério da Dilma e diz que só preciso de um afago para "me abrir como uma flor" para o governo. O psicanalista Boulos acredita que tudo se resolve na base da sedução e do "abrir-se em flor". Metáforas denunciam. Esse rapaz foi molestado na infância e acabou ficando assim?

É evidente que os autores da "Galinha Pintadinha de Vermelho" não têm a menor importância. Sempre rezo três ave-marias, diga-se, a cada vez que escrevo o nome "Frei Betto", especialmente depois de ter descoberto que, num texto, ele fez Santa Tereza D'Ávila engravidar de Che Guevara para dar à luz a América Latina. Que medo! Coitada da Santa! Depois de martirizada pelo "Chancho", ainda viu nascer o bebê-diabo. Faço essa nota à margem só para qualificar o tipo de gente reconhecida por nosso jornalismo como... "intelectual"!!!

Receber Boff & Betto é uma espécie de imposto que Dilma tem de pagar às esquerdas pelas duas indicações. Não deixa de ser divertido assistir ao chororô dos "companheiros". Mas não fica bem –e sou muito apegado ao decoro!– eu me ver aqui na contingência de defender dois nomes indicados por Dilma, enquanto seus antigos cantores escoiceiam o verbo e a musa. Assim não dá! Aí o povo de Deus fica confuso! A flauta fica parecendo cítara, e a cítara, flauta. E sabem como é... Se o som da trombeta é incerto, ninguém se prepara para a batalha!

Confesso que o rottweiler que morde canelas se vê tentado a dizer: "Não vá, não, Levy! Fique onde está, Kátia! Eles que se virem!" É que existe a possibilidade efetiva, apesar das dificuldades e da sabotagem da companheirada, de a dupla emprestar racionalidade a um governo que dá ouvidos a "intelectuais" como Boff & Betto; a um governo cuja base difama aqueles que a presidente escala para tirá-la da beira do abismo. Mas aí entra em cena o rottweiler amoroso...

Os afeitos ao tema perceberam a referência à Primeira Epístola aos Coríntios, de Paulo, um texto que trata de princípios –coisa de que o PT é destituído por... princípio! Quero que a presidente Dilma acerte. Até porque me diverte constatar que cada eventual acerto seu evidencia uma mentira da candidata Dilma.

PS – Mais de 1.200 pessoas compareceram, na segunda passada, ao lançamento de "Objeções de um Rottweiler Amoroso", do selo Três Estrelas, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Em uma palavra e um ponto: obrigado!

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