Entrevista:O Estado inteligente

domingo, abril 07, 2013

Pode ser agora - CELSO MING

domingo, abril 07, 2013


O ESTADÃO - 07/04

Estão postas condições para uma importante virada da política econômica do governo Dilma. Se essa virada irá ou não acontecer, ainda depende de vontade política.
Nesta quarta-feira, o IBGE divulgará a evolução do custo de vida (IPCA) de março. E é alta a probabilidade de que saia número superior a 0,47%. Caso isso se confirme, a inflação medida em 12 meses terá saltado para acima de 6,50% e o teto da meta terá sido perfurado - já incluída aí a margem de tolerância de dois pontos porcentuais para cima.
Ainda que se repita por mais quatro ou cinco meses, uma inflação superior a 6,5% em doze meses não seria necessariamente motivo suficiente para um tratamento radical contra a alta de preços. É que este não é só um número alto; com ele vêm sinais de perda de qualidade da economia.
Esta inflação não está somente concentrada na escalada dos preços dos alimentos e dos serviços. Não é tampouco apenas consequência de uma crise de oferta (baixa produção), portanto não combatível pela política monetária (política de juros). Trata-se de inflação fortemente disseminada (alto grau de difusão), que abrange cerca de 75% dos itens que compõem a cesta básica, e com alto nível de resistência - como tem dito o Banco Central.
É uma inflação turbinada por despesas excessivas do governo (por uma política fiscal expansionista, como diz o Banco Central); e por um mercado de trabalho aquecido. Nessa paisagem avariada, os juros teriam de ser mais altos e, no entanto, não são.
Um dos equívocos do governo Dilma foi ter inventado a religião dos juros baixos sem vir acompanhada por um nível de austeridade fiscal que a tornasse compatível com uma inflação na meta. Em outras palavras, o atual volume de dinheiro na economia que define os juros básicos (Selic) de 7,25% ao ano poderia ser bem maior (e, portanto, os juros poderiam ser bem mais baixos), se toda a economia estivesse equilibrada.
Esse desequilíbrio gera inconsistências. O consumo está forte e há pleno emprego, reconhecem os documentos oficiais. E, no entanto, o setor produtivo não dá conta. Há apagões em toda a rede de logística, os investimentos estão empacados e os preços galopam. Não dá para seguir culpando a crise externa e para crer em que sejam apenas desajustes produzidos por uma revolução estrutural em marcha, como repetem as autoridades da Fazenda.
Este pode ser o momento para a tomada de consciência de que é necessária uma arrumação na economia. Até agora, a presidente Dilma vacilou. Entendeu que mais firmeza no contra-ataque à inflação poderia colocar em risco o crescimento econômico e o emprego.
Essa vacilação ficou clara no encerramento da reunião de cúpula dos chefes de Estado do Brics, realizada nos dias 26 e 27 de março, na África do Sul. Na ocasião, Dilma tachou a política de alta dos juros de coisa antiga e datada para, em seguida, esclarecer que "o combate à inflação é um valor em si".
Essa vacilação ficou cara demais e, se continuar, poderá ficar ainda mais. A população brasileira mantém forte memória inflacionária e aprendeu que não se brinca com essas coisas. O estouro do teto da meta pode ser oportunidade para virar o jogo. Ou essa oportunidade pode não ser aproveitada.
foi ter inventado a religião dos juros baixos sem vir acompanhada por um nível de austeridade fiscal que a tornasse compatível com uma inflação na meta. Em outras palavras, o atual volume de dinheiro na economia que define os juros básicos (Selic) de 7,25% ao ano poderia ser bem maior (e, portanto, os juros poderiam ser bem mais baixos), se toda a economia estivesse equilibrada.
Esse desequilíbrio gera inconsistências. O consumo está forte e há pleno emprego, reconhecem os documentos oficiais. E, no entanto, o setor produtivo não dá conta. Há apagões em toda a rede de logística, os investimentos estão empacados e os preços galopam. Não dá para seguir culpando a crise externa e para crer em que sejam apenas desajustes produzidos por uma revolução estrutural em marcha, como repetem as autoridades da Fazenda.
Este pode ser o momento para a tomada de consciência de que é necessária uma arrumação na economia. Até agora, a presidente Dilma vacilou. Entendeu que mais firmeza no contra-ataque à inflação poderia colocar em risco o crescimento econômico e o emprego.
Essa vacilação ficou clara no encerramento da reunião de cúpula dos chefes de Estado do Brics, realizada nos dias 26 e 27 de março, na Africa do Sul. Na ocasião, Dilma tachou a política de alta dos juros de coisa antiga e datada para, em seguida, esclarecer que "o combate à inflação é um valor em si".
Essa vacilação ficou cara demais e, se continuar, poderá ficar ainda mais. A população brasileira mantém forte memória inflacionária e aprendeu que não se brinca com essas coisas. O estouro do teto da meta pode ser oportunidade pa- j ra virar o jogo. Ou essa oportunidade pode não ser aproveitada.
Voltou a cair. Aí está a variação da cotação do dólar comercial, em reais, nos primeiros dias de abril.

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