Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
domingo, junho 10, 2012
A escola do ditador - MAC MARGOLIS
O Estado de S.Paulo - 10/06
Ditadura não é a vocação de qualquer um. Quando os nativos se inquietam, não basta mais vestir o uniforme de corte prussiano e convocar a tropa. Hoje todo ativista que se preze tem um smartphone na mão e um sonho de primavera na cabeça, e ainda Facebook para espalhar a heresia. Tal como as andorinhas de Darwin, o absolutismo evolui com o ambiente ou morre.
Essa é a pauta do jornalista americano William J. Dobson em seu novo livro The Dictator's Learning Curve: Inside the Global Struggle for Democracy ("A curva de aprendizagem do ditador: Dentro da luta global pela democracia", em tradução livre). Ainda sem edição brasileira, o livro é um relato fascinante das entranhas da ditadura contemporânea. China, Egito, Malásia, Rússia e Venezuela: a história só muda de latitude e idioma. Como os déspotas modernos podem se manter no poder quando a demanda por liberdade nunca foi tão forte?
Dobson, editor internacional do portal Slate, correu o mundo para rastrear o déspota moderno, cobrindo 150 mil quilômetros em quatro continentes. Pegou em cheio a onda da Primaveras Árabe, que começou na Tunísia, sacudiu o Oriente Médio e agora tira o sono de autocracias de Moscou a Zimbábue.
A primeira advertência aos homens fortes: Tunísia também é aqui. Por isso, a cúpula do Partido Comunista chinês consulta os comissários de Moscou, que por sua vez debruçam sobre a revolta árabe. É a irmandade tirana, unida para não cair.
Luta pelo poder. O segundo alerta é menos óbvio. Para preservar a autoridade máxima, o neoditador precisa criar pelo menos uma penumbra de legitimidade. Isso requer um intricado jogo de sombras.
O ditador moderno tolera somente a crítica que consegue cooptar. Abusa de eleições e plebiscitos, mas manipula o mapa eleitoral. Deixa o Congresso legislar, desde que os governantes tenham a maioria, e confia disputas à Justiça, convenientemente loteada de amigos. A ideia é imitar a democracia institucional sem se curvar a suas regras.
Saem de cena as tropas de choque oficiais, blindados e terror do Estado. Entram os publicitários, mídia chapa branca, advogados e fiscais. Quem precisa de um carrasco para fazer valer a vontade suprema quando há fiscais de imposto de renda ou juízes simpáticos para infernizar a vida alheia?
Nesse sentido, o México fez escola. Com processos eleitorais manipulados, aparelhamento do governo e sucessão por "dedaço", o Partido Revolucionário Institucional (PRI) monopolizou o poder mexicano durante quase 70 anos, construindo a "ditadura perfeita", nas palavras do escritor Mario Vargas Llosa.
Bolivarianos. Dobson não menciona o México, mas dedica um capítulo inteiro a um filhote espiritual, Hugo Chávez. Pudera. Ao mesmo tempo em que entorta as leis para concentrar cada vez mais poder, cala a crítica e intimida adversários, o homem forte bolivariano colheu a indulgência dos pares, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já pronunciou Chávez o líder mais democrático que a Venezuela já teve.
Chávez e seus pares não são trogloditas recauchutados. O autoritário atual é mais sofisticado e infinitamente mais capacitado que o modelo anterior - 20% do primeiro e segundo escalão do governo chinês tem diplomas de universidades estrangeiras. Nem por isso é mais sutil. Que o diga a egípcia Samira Ibrahim, presa nas manifestações pró-democracia na Praça Tahrir, que acabou nos porões de Hosni Mubarak, onde levou sete horas seguidas de choques.
O novo ditador em seu labirinto é um retrato fascinante. Ainda mais impressionante é a história de quem o desafia. Com talento, coragem e estratégia magistral, a nova geração da oposição democrática sobrevive, organiza e começa a virar o jogo.
É o governador Henrique Capriles, esperança da oposição venezuelana, que driblou o terrorismo dos contadores chavistas ao oferecer tratamento dentário nas escolas públicas de seu Estado.
Que líder nacional cortaria gastos de saúde para colegiais?
São os ambientalistas russos que convenceram os bancos europeus a suspender um empréstimo para Moscou derrubar a reserva florestal Khimki para construir uma estrada. É a oposição sérvia que ridicularizou Slobodan Milosevic ao soltar pelas ruas um bando de perus com camélias brancas na cabeça, a flor preferida da mulher do ditador. "Humor corrói a autoridade", ensina um dos ativistas.
Leva mais de uma blague para fazer uma primavera democrática. A boa notícia é que a autocracia de hoje é bem menos segura do que se pode imaginar. Nesse sentido, a curva de aprendizagem do ditador seguramente será livro de cabeceira em muitos palácios atuais.
Arquivo do blog
-
▼
2012
(2586)
-
▼
junho
(290)
- O mundo futuro - MERVAL PEREIRA
- Dentro da noite - MIRIAM LEITÃO
- União bancária no euro - CELSO MING
- Futebol boa roupa - RUY CASTRO
- O eleitor que se defenda - EDITORIAL FOLHA DE SP
- Não existe legítima defesa? - EDITORIAL O ESTADÃO
- Água e óleo - MIRIAM LEITÃO
- O Mercosul sob influência chavista - EDITORIAL O G...
- O exagero do crédito pessoal - LUIZ CARLOS MENDONÇ...
- Aventuras fiscais - EDITORIAL FOLHA DE SP
- Mercosul e autoritarismo - EDITORIAL O ESTADÃO
- Hora da idade mínima na aposentadoria - EDITORIAL ...
- Teto furado - EDITORIAL ZERO HORA
- Nome de rua - RUY CASTRO
- Sarney, Lula e Maluf, ode ao amor - GUILHERME ABDALLA
- PIB minguante Celso Ming
- Cartão vermelho Nelson Motta
- Decisões do STF significam retrocessos, por Merval...
- O 'custo Lula' Carlos Alberto Sardenberg
- A Petrobrás sem Lula - ROLF KUNTZ
- Mais um refresco - CELSO MING
- Ciclo de baixa - MÍRIAM LEITÃO
- O governo vai às compras - EDITORIAL O ESTADÃO
- O mito e os fatos - MERVAL PEREIRA
- Inadimplência das empresas tem maior alta de abril...
- Hora da verdade na Petrobrás - EDITORIAL O ESTADÃO
- A leviana diplomacia do espetáculo - ELIO GASPARI
- Luz amarela - MÍRIAM LEITÃO
- O contraponto - MERVAL PEREIRA
- Sujeita a vírus - RUY CASTRO
- O crédito tem limite - VINICIUS TORRES FREIRE
- Visão Global THOMAS L., FRIEDMAN
- Realismo na Petrobrás Celso Ming
- A Petrobrás sem Lula Rolf Kuntz
- Um mundo requentado Roberto DaMatta
- Inadimplência subiu de elevador, mas vai descer de...
- Alemanha já pensa em referendo sobre resgate do eu...
- A exaustão do 'Estado dependente' de governo Franc...
- Reinaldo Azevedo -
- INTERVENÇÃO HUMANITÁRIA: ORDEM/DESORDEM MUNDIAL! H...
- Paraguai soberano - EDITORIAL FOLHA DE SP
- Guerra cibernética e robôs de defesa - RUBENS BARBOSA
- O BIS adverte sobre o risco do crédito - EDITORIAL...
- Crise paraguaia requer sensatez - EDITORIAL O GLOBO -
- Inflação e erros do "mercado" - VINICIUS TORRES FR...
- Democracia representativa - MERVAL PEREIRA
- Qual é a política? Celso Ming
- Uma nova política Rodrigo Constantino
- Profetas do apocalipse Xico Graziano
- O governo Dilma parece velho Marco Antonio Villa
- Como alavancar os investimentos Antonio Corrêa de...
- No ponto certo - MÍRIAM LEITÃO
- Os aloprados - PAULO BROSSARD
- O fiasco do Lula 90 - RUTH DE AQUINO
- O país já cansou de Lulas e Malufs - EDITORIAL REV...
- MACONHEIRO DE CARTEIRINHA Carlos Alberto Sardenberg
- Querem ressuscitar o baraço e o cutelo Manoel Albe...
- O afastamento de Lugo Editorial Estadão
- Mensalão e respeito ao Judiciário Carlos Alberto D...
- A Rio 20 e a crise global Rodrigo Lara
- Está o planeta aquecendo? - FERREIRA GULLAR
- Hoje, parece coisa pouca - EDITORIAL O ESTADÃO
- O intangível - MIRIAM LEITÃO
- Clima não justifica "crescimento zero" EDITORIAL O...
- Diferenças - MERVAL PEREIRA
- As infrações leves - EDITORIAL O ESTADÃO
- O inexorável pragmatismo da Silva - GAUDÊNCIO TORQ...
- No hotel Ritz - DANUZA LEÃO
- Um prefeito civilizado, por favor - VINICIUS TORRE...
- A Alemanha vai destruir a Europa - JOSÉ ROBERTO ME...
- Mítica do articulador DORA KRAMER
- Atenção para mais crise ALBERTO TAMER
- É o fim da simbiose? - economia CELSO MING
- O sonho da blindagem própria João Ubaldo Ribeiro
- Os tropeços na América Latina Suely Caldas
- Dentro da lei - MERVAL PEREIRA
- As contradições - MIRIAM LEITÃO
- Retrocesso no Mercosul isola Brasil - EDITORIAL O ...
- Rio+20, sucesso ou fracasso? - KÁTIA ABREU
- Prisões, privatização e padrinhos - PAUL KRUGMAN
- Oba-oba sustentável - GUILHERME FIUZA
- Túmulo do samba - RUY CASTRO
- Radiografia da ineficiência - EDITORIAL O ESTADÃO
- Vai ou não vai? - CELSO MING
- A QUESTÃO DAS MALVINAS!
- Uma outra visão fundamentada - RODOLFO LANDIM
- O ponto europeu - MIRIAM LEITÃO
- O enigma do emprego - CELSO MING
- O ocaso de Lula - ROBERTO FREIRE
- Estádios novos, miséria antiga - MILTON HATOUM
- Novo contrato social - MERVAL PEREIRA
- Sem entalar - RUY CASTRO
- Assalto ao trem pagador - EDITORIAL O ESTADÃO
- Como quem rouba - DORA KRAMER
- O vaivém das sacolas - EDITORIAL FOLHA DE SP
- Quem socorre Cristina Kirchner - EDITORIAL O ESTADÃO
- Bancos, crise e lebres mortas - VINICIUS TORRES FR...
- Diálogo como espécie em extinção na política Ferna...
- Andressa na cova dos leões :Nelson Motta
- O consenso do quase nada - EDITORIAL O ESTADÃO
-
▼
junho
(290)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA