Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 19, 2009

Grécia A explosão da dívida pública

295 bilhões de euros

Essa é a dívida pública que pesa sobre os gregos,
depois de seguidos governos populistas e corruptoss


Luís Guilherme Barrucho

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Se a mitologia grega fosse reescrita pelos padrões da atualidade, o herói Hércules teria um 13º trabalho a cumprir. A tarefa seria sanear as finanças do berço da civilização ocidental. A Grécia, como outras nações europeias, amargou fortes perdas com a crise financeira. Mas o país sente acima de tudo o peso de seguidos governos populistas e corruptos, que arruinaram as contas públicas. Em 2010, a dívida do país deverá ser de 121% do PIB, ou 295 bilhões de euros, bem acima do limite da União Europeia, de 60%. O quadro é tão precário que o risco de moratória não foi descartado. Além disso, faz quatro anos que o sistema de saúde não paga um centavo aos seus fornecedores. A Comissão Europeia já anunciou que o país não será resgatado pelo bloco econômico e precisa pôr em execução, quanto antes, um plano que recoloque as finanças públicas em ordem. O recém-eleito governo do primeiro-ministro George Papandreou, do Partido Socialista, tentou implementar alguns ajustes, suficientes para desencadear protestos. A solução para acalmar os ânimos foi conceder aumento aos trabalhadores de baixa renda, como dita a cartilha do populismo de esquerda.

A crise na Grécia colaborou, na semana passada, para derrubar as bolsas de valores nos países emergentes. Para os investidores, existe o temor de que surjam novos países em dificuldades financeiras, sobretudo aqueles em que a dívida pública subiu muito rapidamente nos anos de bonança global. A origem do caos econômico grego, no entanto, não deve ser atribuída exclusivamente à crise. Foi determinante o retrospecto de sucessivos governos ineptos, que incharam o estado e saquearam o dinheiro público. Para completar, some-se a fatura deixada pela realização da Olimpíada de Atenas, em 2004. Os Jogos custaram 9 bilhões de euros, o dobro da previsão inicial, e inflaram a folha do funcionalismo em 50 000 servidores. Diz Istvan Kasznar, professor da Fundação Getulio Vargas: "A Grécia tem crescido acima da média europeia, mas ainda é um país que afasta investidores pela excessiva burocracia e pela resposta tardia à crise". O país tem pela frente um desafio hercúleo. Entretanto, mais do que um suposto castigo dos deuses, seu caso serve de alerta a países como o Brasil, cujos gastos da máquina pública aumentam a cada ano.

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