Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, novembro 19, 2009

“A LULA O QUE É DE CESARE"

"A LULA O QUE É DE CESARE"

quinta-feira, 19 de novembro de 2009 | 15:27

A melhor manchete do dia do jornalismo impresso é, sem dúvida, a do Diário do Comércio, um jornal muito bem-feito da Associação Comercial de São Paulo — e, como diz o nome, é diário…

Está lá, em letras garrafais, sobre o caso Battisti: "A Lula o que é de Cesare". Não poderia ser mais referencial. Afinal, o que disser respeito ao homicida, agora, será decidido mesmo por Lula. Ao mesmo tempo, sugere que o presidente decide com poderes de "César", o que é verdade. Quando o STF se coloca na condição de mero "parecerista" e transfere para o presidente a decisão, está afirmando que existe um Supremo do Supremo: Lula.

Na mosca! Mínimo de palavras, máximo de significação. E sem repetir a objetividade seca que já estava nos sites noticiosos. OS JORNAIS AINDA NÃO APRENDERAM A NÃO REPETIR, NO DIA SEGUINTE, O QUE ELES PRÓPRIOS NOTICIARAM NO DIA ANTERIOR EM SUA VERSÃO ELETRÔNICA. É claro que os assuntos serão os mesmos. A questão está na abordagem.

Todos os veículos da imprensa italiana, diga-se, deram praticamente a mesma manchete: "Battisti: sim à extradição; última palavra é de Lula". Pois bem, reitero: ele próprio preferiria que não fosse assim. Como disse, detesta decidir quando não há uma solução ótima para si mesmo. Nesse caso, não há. Mas fará de tudo para manter o assassino por aqui.

Se Lula se pôs, sem receio, na defesa de Sarney, por que entregaria Battisti? Explico a pergunta: Sarney não é exatamente um homem amado pelos brasileiros. Mas Lula usou 1 ou 2 pontos percentuais do seu prestígio para defendê-lo. Sabe que nada cola nele. O "filho do Brasil" pode defender alguns filhos-nem-tanto sem se comprometer. Battisti não é um assunto popular. Não serão as oposições a torná-lo um tema quente, o que demandaria um outro tipo de confronto, de natureza ideológica, que elas nunca fizeram nem querem fazer. Haverá desgaste com a Itália — nada que seu sucessor ou sucessora não possa resolver.


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