Entrevista:O Estado inteligente

sábado, agosto 29, 2009

Negócios Itaú Unibanco se associa à Porto Seguro

Uma surpresa no setor de seguros

Itaú Unibanco e Porto Seguro selam uma parceria
e ganham musculatura num mercado que cresce
mais de 10% ao ano no Brasil


Luís Guilherme Barrucho

Jonne Roriz/AE
NOVOS SÓCIOS
Garfinkel (no centro), da Porto, entre Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal,
do Itaú Unibanco

Tanto quanto a disseminação do crédito, a popularização dos seguros é sinal de amadurecimento econômico de um país. No Brasil, o mercado de seguros tem crescido a um ritmo superior a 10% ao ano. Mas ainda há muito a percorrer para que o uso de seguros pelos brasileiros chegue perto do que ocorre em países desenvolvidos – ou mesmo em alguns vizinhos, como Chile e Argentina. A título de exemplo, apenas quatro em cada dez automóveis brasileiros possuem algum tipo de cobertura, contra oito nos Estados Unidos e cinco na Argentina. O desejo de posicionar-se de maneira vantajosa nessa seara promissora tem motivado, nos últimos meses, negociações entre bancos e seguradoras independentes. Recentemente, o Santander assumiu o controle da seguradora Real Vida. Mas a transação mais expressiva até aqui foi, sem dúvida, a associação da Porto Seguro com o Itaú Unibanco, divulgada na semana passada.

O anúncio, feito na manhã de segunda-feira, causou surpresa. A Porto vinha negociando, desde o fim do ano passado, um acordo semelhante com o Bradesco. "A visão deles era ter o controle da operação, e me opus a essa solução", afirmou a VEJA o presidente da Porto, Jayme Garfinkel. "Optamos pelo Itaú Unibanco, que aceitou os nossos limites." A parceria, que envolverá apenas seguros de carros e de residências, cria um líder absoluto nesses segmentos. Não haverá desembolso de dinheiro, apenas troca de ações – num valor equivalente a 1,7 bilhão de reais. O Itaú Unibanco aceitou transferir completamente as suas carteiras de apólices de automóveis e casas para a Porto. Em troca, o banco ficará com 30% das ações da seguradora.

A Porto Seguro encontraria dificuldade para continuar crescendo sem ter a seu lado a força de uma grande instituição financeira. Ao se associar com o Itaú Unibanco, ela poderá vender as suas apólices nas quase 5 000 agências do grupo. Quanto ao banco, ele aumentou sua fatia no mercado de seguros, especialmente em automóveis, segmento em que não tinha uma posição significativa, e poderá se beneficiar da experiência de gestão da seguradora.

Outra grande instituição que está à procura de parcerias é o Banco do Brasil, que ainda engatinha na área. Um dos alvos seria a SulAmérica. Já o Bradesco, o maior conglomerado de seguros da América Latina e líder no mercado brasileiro, prefere manter seu modelo centralizado. "Em nossa estrutura, banco e seguradora são negócios paralelos e igualmente importantes. Acreditamos que o mercado de seguros ainda vai avançar muito. Temos uma extensa rede de agências no país e estamos preparados para crescer", disse a VEJA o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco.

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