Entrevista:O Estado inteligente

sábado, maio 23, 2009

Seis anos depois, a culpa ainda é de FH

O GLOBO

Governo Lula culpa antecessor por problemas em diferentes áreas

BRASÍLIA. O governo do presidente Fernando Henrique Cardoso acabou há quase seis anos e meio, mas o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva insiste em atribuir-lhe, até hoje, qualquer mal que, aos olhos do petista, assole o país. Quando, em seus inúmeros discursos de improviso, Lula enumera as dificuldades pelas quais o país atravessa, seja nas áreas de desenvolvimento econômico, saúde, educação ou qualquer outro assunto, a culpa invariavelmente é repassada para seu antecessor.

Ao mesmo tempo em que é pródigo em críticas ao tucano, o presidente se esmera em elogios aos militares, por exemplo, e até mesmo a deputados que usavam livremente suas cotas de viagens para presentear parentes e eleitores com passeios inclusive para o exterior.

Candidata de Lula a substituí-lo em 2010, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, seguiu o mesmo tom e, ontem, ao falar da Petrobras, contestou a oposição, que afirma que a estatal é uma caixa-preta. De acordo com Dilma, se a empresa já teve esse problema, ele ocorreu entre 1997 e 2000, anos em que Fernando Henrique Cardoso estava na Presidência.

Logo no início do primeiro mandato, em 2003, os petistas cunharam uma expressão para se referir à gestão de FH: herança maldita. E Lula, apesar de não citar com tanta frequência a frase, faz questão de jogar nas costas de seu antecessor qualquer problema vivido pelo Brasil.

Anteontem, na Turquia, Lula disse que a pobreza no país é decorrência da mediocridade de outros governantes:

- A nossa pobreza se deve, muitas vezes, à mediocridade de quem nos governou durante tantos anos e não agiu com a grandeza com que um chefe de uma nação tem que agir - afirmou.

Animados com o exemplo do chefe, outros subordinados também exercitam as críticas a quem deixou o governo há mais de seis anos. Ontem, ao ter de explicar resultados negativos numa pesquisa do IBGE, Eliezer Pacheco, secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, aproveitou para cutucar os tucanos.

- Os governos anteriores pouco valorizaram a educação profissional. Sempre houve um grande preconceito, temos uma tradição bacharelesca muito forte. O governo Lula eliminou aquela lei insensata que impedia a expansão da rede federal, o que nos levou a perder praticamente dois anos até que alterássemos a legislação, em 2005. Temos um programa de expansão que é muito ambicioso - disse Eliezer.

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