Entrevista:O Estado inteligente

sábado, fevereiro 21, 2009

A surpreendente mãe de óctuplos

A batalha: Nadya, 14
Angelina, 6

A mãe dos óctuplos imita mamãe Jolie?
Está na cara – e esta é apenas uma das
muitas insanidades do caso da mulher
que queria ter filhos, muitos filhos

Ela tem 33 anos, a mesma idade de Angelina Jolie. Usa cabelos longos e escuros repartidos do lado, como Angelina Jolie. Alisou a testa e arqueou as sobrancelhas exatamente como as de Angelina Jolie. Nariz e bocão, nitidamente injetados e modificados, imitam os de Angelina Jolie. O meio sorriso? Típico de Angelina Jolie. O resultado é de arrepiar. Em lugar da legendária beleza da atriz, uma paródia assustadora. Ainda mais quando se leva em conta que em um quesito a imitadora vence a imitada: Nadya Suleman é a mulher que em janeiro deu à luz oito bebês, que somados aos seis que já tinha dão o impressionante total de catorze filhos, todos produzidos em laboratório, contra seis, entre naturais e adotados, da atriz. "Angelina não me interessa a mínima. Nunca fui fã de ninguém famoso", afirmou Nadya, contra todas as evidências, em entrevista depois do nascimento dos óctuplos, Nariah e Maliah (as meninas), Josiah, Isaiah, Jeremiah, Makai, Noah e Jonah (os meninos). O segundo nome de todos é Angel, mas a história que parecia celestial, pela rara sobrevivência de todos os bebês, virou um pesadelo.

Além da implantação absolutamente condenável por todos os códigos médicos de uma quantidade arriscadíssima de embriões, Nadya é qualquer coisa, menos uma mãe-modelo. Tem histórico de depressão e tendências suicidas, vivia afastada do trabalho mesmo antes da última fertilização e já tinha seis filhos, com idades de 2 a 7 anos, criados em condições precárias e concebidos sem nenhum tipo de participação do ex-marido. Sem contar a negada, mas patente obsessão por Angelina. No site que, evidentemente, criou depois dos óctuplos, com espaço para comentários (desativado) e doações (ativo), recebeu mais críticas do que apoio. Em frente à casa dos pais, onde mora com a filharada, algumas pessoas ergueram cartazes de protesto contra a "octomãe" e a expectativa de custo no bolso dos contribuintes (justificada: só a conta do hospital deve ficar entre 1,5 e 3 milhões de dólares). Nadya respondeu que Deus proverá o sustento de seus filhos de nomes bíblicos e que tem plenas condições de criá-los. Soa como sandice, e não é a única.

Em entrevistas, ela deu pistas do poço sem fundo de carências que levou à proliferação de bebês, isso para ficar só no primeiro nível. "Sonhava com a ligação e o apego a outras pessoas que não tive quando criança", diz, alegando a condição de filha única. A mãe dela, Angela, usa termos mais diretos: "Ela é obcecada. Ainda estava no colegial e já queria ficar grávida". Pelos métodos naturais, nunca conseguiu. Formada em, acreditem, psicologia, Nadya trabalhou em um hospital psiquiátrico, onde sofreu um acidente ocupacional e saiu com indenização de quase 170.000 dólares. Foi nessa fase que encontrou o médico Michael Kamrava, de uma clínica de fertilização em Beverly Hills, e conseguiu engravidar do filho Elijah, que fará 8 anos em maio. Era casada com Marcos Gutierrez, mas usou esperma doado por "um amigo". Depois do primeiro filho, enfrentou os sérios distúrbios psicológicos anotados em sua ficha no setor de assistência social da Califórnia. Ainda assim, resolveu aumentar a família. Do mesmo lote amigavelmente doado vieram os embriões das quatro gravidezes seguintes, uma de gêmeos. Sobraram seis. No ano passado, desejosa de "mais uma menina", Nadya pediu que os seis fossem implantados. Kamrava é o tipo de médico que ignora o procedimento mundialmente recomendado de implantação de no máximo dois embriões, e atendeu ao desejo da mãe serial. Todos vingaram, dois se duplicaram e, 31 semanas depois, nasciam prematuramente os óctuplos.

O fato de que todos tenham sobrevivido é um marco. No único outro caso mundial conhecido de nascimento de óctuplos, no Texas, em 1998, um morreu em uma semana. Em algum momento, irão para a casa malcuidada, de três quartos, num subúrbio de Los Angeles, que então abrigará Nadya, seus catorze filhos pequenos, o pai e a mãe dela (que já declarou várias vezes: "Para mim, chega. Vou embora") e uma babá. Nadya recebe 490 dólares por mês em auxílio-alimentação e ajuda financeira para tratar de três filhos com necessidades especiais, um dos quais é autista. A avó Angela, 68, proprietária da casa da família, não paga as prestações desde maio e já recebeu ordem de despejo. Pode ser salva pelo pacote de ajuda aos mutuários inadimplentes, mas este parece ser o único milagre à vista.

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