Entrevista:O Estado inteligente

domingo, novembro 02, 2008

O GLOBO EDITORIAL, Precisa-se um líder

As circunstâncias que cercam as eleições americanas de terça-feira são tão especiais que lhes asseguram, desde já, um destaque na História.

Elas ocorrem após oito anos desastrosos de administração republicana de George W. Bush e em meio à maior crise econômica desde a Grande Depressão iniciada em 1929. Os Estados Unidos estão em um poço — ainda não se vê o fundo — , com alguns de seus valores mais tradicionais arranhados e a credibilidade internacional em pedaços.

O povo americano tem a responsabilidade de eleger um líder com bom senso, perseverança e coragem para empreender novas políticas, realizar as reformas econômicas necessárias e retomar os valores éticos e morais pisoteados nos últimos anos.

A crise de 1929 encerrou um ciclo republicano de três mandatos consecutivos na Casa Branca e atingiu em cheio o legado do presidente Herbert Hoover (1929-1933), considerado omisso. Eleito em 1933, o democrata Franklin Roosevelt conseguiu tirar os EUA do buraco com o New Deal, que deixou de lado a visão ortodoxa do liberalismo, deu ao Estado um papel preponderante na economia e lançou as bases do welfare state americano. Foi reeleito três vezes, quando isso ainda era permitido nos EUA.

O vencedor das eleições de terça terá, sobre Hoover, considerável vantagem: assumirá sabendo a dimensão da crise que o país enfrenta e, mais importante, com o paciente já em tratamento intensivo pelas autoridades econômico-financeiras do atual governo. Mas, em relação a guerras, coube a Roosevelt liderar o país na campanha vitoriosa contra o nazismo, que alçou os EUA a superpotência. Já o vitorioso de agora terá de lidar com decisões penosas em guerras inglórias — no Iraque e no Afeganistão — parte da pesada herança de Bush, que inclui déficit federal de US$ 1 trilhão.

São também as características dos dois postulantes que tornam este pleito tão especial. O favorito, Barack Obama, representa o novo e conseguiu transmitir ao eleitorado uma visão de reconciliação e de esperança.

Seu carisma e sua mensagem foram capazes de atrair apoios como o do republicano Colin Powell e até da tão respeitada quanto conservadora revista inglesa “The Economist”. John McCain, por sua vez, incorpora valores muito caros aos eleitores para liderar o país, como experiência militar (é herói de guerra) e longa folha de serviços prestados à nação.

Quem quer que saia vencedor, nunca parecerá tão apropriado aplicar-lhe a oração com que todos os presidentes americanos terminam seus discursos: “God bless America” (Deus abençoe os EUA).

Arquivo do blog