Entrevista:O Estado inteligente

sábado, novembro 15, 2008

Etiqueta na vida real



Monica Weinberg (mweinberg@abril.com.br)

Muitas das convenções de séculos atrás persistem até hoje – mas a realidade é menos dogmática e mais flexível do que pregam os manuais de etiqueta modernos.

No caso dos trajes para festas, o tempo se encarregou de abolir certas obrigações e permitir variações à regra original. Em países quentes como o Brasil, essas adaptações são ainda mais comuns. Basicamente, por uma razão: sob termômetros de 40 graus, ninguém agüenta andar por muito tempo embrulhado num terno preto ou paramentar-se com excesso de adereços. A pedido de VEJA, as consultoras Gloria Kalil e Cintia Taira e a professora universitária de moda Maria Alice Ximenes dizem o que significam, afinal, alguns dos termos mais freqüentes nos convites. Na prática, elas mostram que é possível, sim, fugir do velho manual – sem que isso seja visto como um atentado à etiqueta. Os comentários.

Black-tie

Sinônimos: traje a rigor, habillé ou tenue de soirée
Comentário: é o traje mais formal e o menos sujeito a adaptações

Ilustrações Orlando


Homens

O que pede o manual: smoking completo, com gravata-borboleta preta ou faixa da mesma cor na cintura, tal qual se vestiam os ricos da era vitoriana, época em que surgiu o black-tie
A realidade: num país em que predomina o calor, como o Brasil, ninguém sentirá falta do colete nem da faixa na cintura. Ao contrário. É preferível circular com a versão mais concisa a passar a festa inteira numa sauna ambulante, dizem os especialistas

Mulheres
O que pede o manual: vestido longo e bolsa fazendo par com os sapatos
A realidade: desde que prevaleça o bom senso e ninguém vá de minissaia, o comprimento do vestido é livre. Foque o tecido, que deve ser, naturalmente, mais chique. Entenda-se por isso: seda, tafetá, chiffon – e não malha, algodão, Lycra. Bolsa e sapatos formando um par de vasos? É falta de imaginação

Esporte fino

Sinônimos: passeio ou tenue de ville
Comentário: é mais comum durante o dia e ao ar livre, daí ser menos formal

Homens
O que pede o manual: calça social, camisa clara e blazer. Não se usa gravata
A realidade: a calça não precisa ser social, tampouco a camisa, mesmo em caso de festa noturna. Muita gente aparece de blazer, um bom jeans e camisa pólo - e, assim, se integra bem ao ambiente. A informalidade, no entanto, tem lá seus limites. Que ninguém vá de tênis

Mulheres
O que pede o manual: tailleur ou vestido de microfibra, linho e até seda. Sapatos de altura mediana ou altos
A realidade: de dia, vale até algodão. Se o decote for acentuado, é melhor que o vestido não seja muito curto, e vice-versa. O castigo de optar por um salto nas alturas é ele ficar atolado na grama

Passeio completo

Sinônimos: traje social ou social completo
Comentário: um degrau abaixo do black-tie na escala de formalidade, é o que mais aparece nos convites

Homens
O que pede o manual: terno escuro e gravata idem
A realidade: temperatura alta e festa diurna, como é muitas vezes o caso, não vão bem com preto. Daí a cor ter deixado, pouco a pouco, de ser uma exigência – e muita gente preferir tons claros

Mulheres
O que pede o manual: vestido ou tailleur de tecidos nobres (leia-se: seda, tafetá, chiffon), salto altíssimo, bolsa pequena e cabelo preso
A realidade: há liberdade quanto à escolha da altura dos sapatos (desde que não sejam rasteiros), do tamanho da bolsa (tanto faz, contanto que não seja GG), do vestido (que pode ser substituído por um tailleur ou um terno, sem nenhum risco de que isso cause espanto) e do penteado (uma escova resolve)

Esporte

Sinônimo: casual
Comentário: o pior erro aqui é achar que não há regras

Homens
O que pede o manual: calça de sarja com camisa social ou pólo
A realidade: no começo do século XX, era o uniforme dos ricos que iam assistir a corridas de cavalo ou torneios de tênis. Hoje, permite camiseta, jeans e até tênis, desde que sejam mais sociais. Erro fatal? Aparecer de bermuda e sandálias, como quem vai a um churrasco

Mulheres
O que pede o manual: saia de tecido leve, vestido de algodão ou calça jeans. Sandálias ou sapatos sem salto
A realidade: quase tudo é permitido, com exceção de minissaias e blusas curtas que deixam a barriga à mostra

Lailson Santos

De jeans num casamento

A estudante Andrea Rolfsen, 17 anos, sentiu-se deslocada numa festa que pedia traje social: para se proteger do frio, as moças usavam echarpes e boleros – ela, um sobretudo jeans

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