Entrevista:O Estado inteligente

domingo, novembro 09, 2008

CLÓVIS ROSSI Correndo para onde?

SÃO PAULO - A propósito da coluna sobre a aceleração dos tempos, publicada anteontem, recebo comentários assustados de Edwin Lima, antigo interlocutor, um salvadorenho formado no Brasil e que hoje trabalha na Holanda, uma espécie de atestado ambulante da globalização.
Diz Edwin: "Venho me perguntando faz algumas semanas até que ponto o mundo está preparado para receber tanta informação com tamanha velocidade, a velocidade da internet. Para mencionar somente as Bolsas: antes, para saber os resultados, havia que ligar para o corretor ou esperar o telejornal à noite ou então o jornal no dia seguinte.
Hoje, tudo flui "na velocidade do pensamento" (lembra de Bill Gates?). Hoje, neguinho não tem que esperar o corretor para comprar ou vender; ele é o corretor, é ele quem compra e vende. É exatamente essa dinâmica que move o humor do mercado (leia-se compradores e vendedores)".
Aí, da velocidade de hoje à de antigamente, escreve Edwin: "Entretanto, a economia real continua a caminhar na mesma velocidade de antigamente. Nós ainda demoramos o mesmo tempo de sempre para comprar uma calça ou fazer supermercado. Ou seja, há um descompasso ainda maior entre o mercado financeiro e a economia real; entre o valor real das coisas e o valor nominal de uma empresa. Hoje uma empresa pode estar muito bem, amanhã pode ter quase falido porque o valor das suas ações, em virtude de um espirro no mercado financeiro, foi lá pra baixo".
Meu amigo virtual chega a duvidar da crise: "Tem hora que eu não acredito mais na crise; ela hoje é, amanhã não mais, e depois de amanhã, quem sabe? Uma loucura".
Edwin termina com uma dúvida que eu tenho sempre: "Esse descompasso entre economia real e mercado financeiro é realmente algo de que a humanidade precise?".
Precisa?

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