Entrevista:O Estado inteligente

sábado, maio 31, 2008

CLÓVIS ROSSI O cassino e a comida

ROMA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega hoje a Roma para descansar e, ao mesmo tempo, comemorar seus 34 anos de casamento com Marisa Letícia. Depois, na terça-feira, defende o etanol brasileiro da suposição de que seja um dos responsáveis pela disparada dos preços dos alimentos, que o economista Jeffrey Sachs considera a primeira crise planetária não-financeira da era da globalização.
Terça-feira é o dia em que se inaugura uma cúpula sobre segurança alimentar e mudança climática que acabou se transformando em uma "cúpula da fome", dado que, entre sua convocação e sua realização, os preços da comida dispararam e acenderam o alarme.
Lula faz bem tanto em descansar e festejar o casamento como em defender o etanol brasileiro, que não tem culpa da chamada "agflação", a inflação dos bens agrícolas.
Mas faria um bem maior se também atacasse uma das causas do fenômeno, esta, sim, verdadeira. Trata-se da especulação, que se voltou para o mercado de alimentos. Numa belíssima reportagem de Mauro Zafalon, a Folha mostrou, faz pouco, como funciona a coisa.
Resumo básico: "Em 2007, o mercado futuro agrícola da Chicago Board of Trade negociou 7,3 bilhões de toneladas de milho, 4,3 bilhões de soja e 2,7 bilhões de trigo.
A produção física desses produtos, em 2007, foi de 780 milhões, 220 milhões e 606 milhões de toneladas, respectivamente. Volumes maiores de negociações esquentaram os preços, que passaram a ter variações bruscas, chamadas pelo mercado de "volatilidade". Essas oscilações seguem entradas e saídas dos fundos e trazem riscos".
A rigor, são riscos não diferentes, na essência, dos que causaram a crise das hipotecas "sub prime".
Falta regulação do Estado, sobra poder aos mercados. Pagam pelo menos 1 bilhão de pessoas, as mais pobres, que já comiam pouco e vão comer menos.

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