Entrevista:O Estado inteligente

sábado, maio 24, 2008

CLÓVIS ROSSI Já não tão único

SÃO PAULO - Por fim, personalidades políticas que são do mais puro "mainstream" descobrem o óbvio: "Os mercados financeiros não podem nos governar".
É o que diz carta enviada a Nicolas Sarkozy, que, como presidente da França, está na iminência de assumir a presidência de turno da União Européia, e a José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Européia, o braço executivo do conglomerado de 27 países que, se fossem um só, seria o mais rico do mundo.
O texto leva a assinatura, entre outros, de ex-primeiros-ministros da Alemanha (Helmut Schmidt), da Suécia (Göran Person), da Itália (Massimo d"Alema) e da França (Lionel Jospin). Tem apoio de Felipe González, o líder espanhol que levou seu país a integrar-se à Europa, condição sine qua non para o "boom" que trouxe a Espanha para a linha de frente do mundo rico.
Não são, pois, alienígenas exóticos nem podem ser chamados de jurássicos. Diria até que alguns deles são o mais próximo de estadistas que o mundo moderno foi capaz de produzir, avaro que é na fabricação dessa rara estirpe.
O documento diz que "o problema está no modelo atual de governo econômico e das empresas, baseado em uma débil regulamentação, com um controle inadequado e uma oferta demasiado débil de bens públicos".
Menciona ainda "a desigualdade crescente da renda, ao lado de um aumento contínuo do capital financeiro". Segundo "El País", que noticiou a carta, "o capital financeiro já representa 15 vezes o valor do produto interno bruto de todos os países". É possível, e até provável, que a carta fique apenas em uma pequena notícia de jornal (jogada aliás para a página 22 da edição de quinta-feira).
Mas é um sinal de que o chamado pensamento único já não é tão único, mesmo na elite do poder político global (ou europeu).

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