Entrevista:O Estado inteligente

domingo, julho 29, 2007

ELIANE CANTANHÊDE Herança bendita


BRASÍLIA - Lula reclamava da "herança maldita", mas aprofundou a política econômica e o Bolsa Família e não pára de acolher no seu governo os herdeiros de FHC. O mais recente e mais lustroso deles é Nelson Jobim, ex-ministro da Justiça do tucano, agora ministro da Defesa do petista.
Para não deixar dúvidas sobre os vínculos de Jobim com os tucanos, particularmente com o governador de São Paulo: ao aceitar o convite de Lula, correu para avisar José Serra; na primeira entrevista, referiu-se a ele como "um grande ministro da Saúde"; na segunda, riu ao falar de "um amigo" que tem tanto medo de avião que agarra a mão de quem está ao lado. E adivinha onde o novo ministro foi se meter no primeiro dia de trabalho? Numa reunião com Serra em São Paulo. E no segundo dia? Num almoço com Serra.
Se não fosse Jobim, Lula teria de transferir Paulo Bernardo do Planejamento para a Defesa, a contragosto e num típico caso de cobertor curto. PB é um dos pouco petistas puro-sangue remanescentes no governo, ao lado de Guido Mantega, Tarso Genro e Luiz Dulci. Se um deles cair ou cansar, vai ser difícil substituir com "companheiros".
Marta foi empurrada para o Turismo, e os quadros de primeiro time do PT parecem ter se esgotado com a renúncia de Dirceu, os processos contra Palocci e a eleição de Jaques Wagner e Marcelo Déda para governos estaduais.
Henrique Meirelles (BC) era tucano, Dilma Rousseff (Casa Civil) era do PDT até outro dia, Temporão (Saúde), Geddel (Integração), Jucá (Previdência) e Stephanes (Agricultura) são do PMDB ou ligados a ele, os três últimos notórios fernandistas. E o presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, tinha gabinete no Planalto na era FHC.
Que se cuidem Malan, Armínio e Pedro Parente. Com os sacolejos nas Bolsas e no dólar por causa do tranco americano, eles acabam sendo convocados por Lula.

elianec@uol.com.br

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