Entrevista:O Estado inteligente

sábado, julho 28, 2007

CLÓVIS ROSSI A vaia do amigo do rei

SÃO PAULO - Diz o noticiário on-line que Lula foi vaiado ontem no Nordeste, pelo segundo dia consecutivo. Como César Maia não é prefeito no Nordeste, talvez escape das acusações de ter organizado as vaias. Até porque uma vaia muito mais sólida, por escrito, saiu da pena de um dos mais próximos amigos do presidente, além de confessor da primeira-família, o dominicano Frei Betto, que passou dois anos (2003 e 2004) como assessor especial de Lula.
Saiu desiludido e conta assim a sua desilusão no livro "Calendário do Poder": "No primeiro mandato, o medo venceu a esperança. O projeto petista de nação cedeu lugar ao de eleição. Não me refiro ao medo como experiência somática, a que enrijece os músculos, crispa os nervos e desata os fantasmas que nos povoam os subterrâneos da imaginação. Falo de escolhas políticas pautadas por viciados paradigmas da República brasileira, agora refém do neoliberalismo, travando a singularidade de novos e ousados caminhos esboçados com nitidez nos textos fontais do Partido dos Trabalhadores".
"O governo Lula optou por privilegiar alianças partidárias que, por vezes, incluíram políticos notoriamente corruptos, de práticas antagônicas aos fundamentos do PT. No calor do processo eleitoral, essas alianças não se pautaram por metas estratégicas capazes de delinear o perfil de um novo país. O balaio de votos pesou mais que a utopia de construir "um outro Brasil possível".
Nem parece ter servido de lição a crise ética de 2005, tumor fétido de alianças nefastas que reduziram o contrato programático a um balcão de negócios com moeda suspeita". Contra Betto, os debilóides do lulo-petismo, incluídos intelectuais e jornalistas chapa-branca, não podem invocar a teoria da conspiração para explicar as críticas. Teoria que é apenas a maneira covarde e vil de fugir aos fatos fielmente relatados no livro.

crossi@uol.com.br

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