Entrevista:O Estado inteligente

domingo, maio 27, 2007

Não só os pobres precisam de ajuda Abdullah II bin Al Hussein Estado

Na semana passada, líderes de dez países com renda média baixa se
juntaram no Mar Morto para uma reunião urgente sobre a prosperidade e
estabilidade social futuras de nossos países. Nosso grupo de países,
o G-11, composto de nações cuja renda anual per capita é superior a US
$ 875, mas não ultrapassa US$ 3.465, é onde vivem quase duas de cada
cinco pessoas do planeta.

Acredito que temos liderado o caminho para sair da pobreza como
resultado de nosso comprometimento sustentado com reformas de amplo
alcance.

Mas, para que possamos continuar oferecendo os benefícios do
crescimento a todo o nosso povo, concordamos que nossos países
precisam de uma nova parceria com vocês, o G-8, o grupo das oito
nações mais industrializadas, uma parceria que elevará os países de
renda média baixa para faixas de renda mais alta.

O fato é que, ultimamente, a pauta de desenvolvimento e de ajuda do
G-8 tem sido focalizada, acertadamente, nos países mais pobres do
mundo. Esses são também os países que freqüentemente sofrem em
decorrência dos maiores problemas da falta de oferta de serviços
básicos do governo, da falta de um estado de direito e da falta de
instabilidade política.

Porém, os esforços dedicados aos mais pobres não podem ser separados
da meta mais ampla do desenvolvimento global, para garantir que os
países possam ter prosperidade e depois realmente sustentá-la. Há um
crescente reconhecimento da necessidade de respaldar países de renda
média baixa que têm feito duras escolhas para promover reformas e o
crescimento.

MAIS DEGRAUS

A Jordânia e os outros países do G-11 - Croácia, El Salvador,
Equador, Geórgia, Honduras, Indonésia, Marrocos, Paquistão, Paraguai
e Sri Lanka - estão agora pairando nesse limiar, um limiar que os
levará a subir mais degraus da escada econômica.Esse sucesso
fomentará economias mais fortes e mais estáveis, com maior poder de
compra, mais recursos para o desenvolvimento e novas oportunidades
para nossos países, nosso parceiros comerciais e investidores.

Esses são progressos que, juntos, criam um ciclo sustentável de
prosperidade e crescimento - para nossos países, nossas regiões e
para o mundo.

Para atingir nossas metas fizemos as mais difíceis escolhas
econômicas que o sucesso exige. Na Jordânia, temos buscado uma
estratégia nacional de reforma social e econômica, concentrando-nos
na boa governança, em políticas macroeconômicas sólidas, num setor
privado mais forte, na educação e outros caminhos para a
prosperidade. Recentes indicativos econômicos dos países do G-11 como
um todo mostram resultados positivos semelhantes decorrentes do
compromisso deles com as reformas.

Porém, o perigo permanece. Embora estejamos longe de sermos os países
mais pobres, nossa população inclui 80% das pessoas mais pobres do
mundo. Até alcançarmos o sucesso, nossos países não podem fraquejar
no seu enfoque nas necessidades de desenvolvimento cruciais e
freqüentemente dispendiosas, desde a educação à infra-estrutura,
passando pela reforma fiscal e mais.

Além disso, muitos de nossos países estão lutando com o legado de uma
dívida cujas raízes estão em crises econômicas internacionais de
décadas atrás, dívidas das quais muitos dos países mais pobres do
mundo foram perdoados. A elevação nos preços do petróleo, o conflito
regional e o terrorismo podem, juntos, solapar as estruturas da boa
governança e do estado de direito que alicerça o crescimento bem-
sucedido.

Ironicamente, é este crescimento que, muitas vezes, tem levado à
retirada da assistência internacional convencional.

QUATRO ÁREAS

O G-11 identificou quatro áreas nas quais o apoio internacional pode
nos ajudar a consolidar ganhos e ir em frente.

A primeira é promover investimentos, que apóiam maior produtividade e
crescimento baseado no comércio.

A segunda é o desenvolvimento do comércio, incluindo o acesso aos
mercados e assistência técnica.

A terceira é o alívio do ônus da dívida, para reduzir as pressões
sobre o espaço financeiro e orçamentário.

A quarta é a concessão de assistência direcionada, para atacar
problemas como a pobreza e a saúde, mas tão urgente quanto é apoiar a
educação, a infra-estrutura e iniciativas que permitam aos países
desenvolvidos maximizar o impacto do conhecimento, tecnologia,
inovação e liberalização econômica. Além desses enfoques específicos
é preciso que haja uma nova parceria nos esforços. À medida que os
países avançam na direção da prosperidade, a assistência deve ir além
dos mecanismos tradicionais para um quadro de desenvolvimento
alternativo - que recompense, e não puna, o desenvolvimento e as
reformas bem-sucedidas.

Vocês, os líderes do G-8, têm estado atentos ao nosso chamado. Na
conferência de cúpula da Jordânia, havia observadores da Alemanha e
do Japão, a atual e a futura presidências do G-8 e, mais para o final
deste ano, os presidentes do G-11 e do G-8 se reunirão na Alemanha.

Juntos, acredito que podemos criar um novo paradigma de
desenvolvimento, que seja verdadeiramente global no seu alcance e no
seu impacto.

O sucesso dos países de renda média baixa criará uma âncora para a
estabilidade regional e a prosperidade e proporcionará um modelo
crucial do que a reforma estrutural e econômica podem alcançar.

Ao apoiar essas realizações, vocês enviarão uma poderosa mensagem aos
países mais pobres de que o comprometimento global com o
desenvolvimento vai até a linha de chegada.

*Abdullah II bin Al Hussein é o rei da Jordânia e escreveu este
artigo para o The New York Times

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