Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, dezembro 25, 2006

FERNANDO DE BARROS E SILVA Carpe diem

SÃO PAULO - O pacote econômico de Lula é como Papai Noel, não existe, mas a gente não só finge que acredita como age de acordo com essa crença, que sabemos falsa.
Como é Natal, a fantasia produz resultados -Papai Noel sempre nos traz uma surpresa, ainda que não seja aquela tão desejada. O verdadeiro pacote de Papai Lula Noel neste fim de ano é o aumento do salário mínimo de R$ 350 para R$ 380. Há quem argumente que tamanho saco de bondade entupiu de vez a chaminé do crescimento.
Pode ser, mas num país como o Brasil é preciso muita frieza tecnicista diante da miséria e dos desníveis sociais para condenar de antemão uma medida que aponta para alguma distribuição da renda.
Mantega, o fiel ministro, terá de passar o Natal entre o peru e a máquina de calcular -o novo mínimo vai custar em torno de R$ 1 bilhão a mais por ano ao governo. É dinheiro que poderia ser usado como investimento público ou para desonerar e incentivar o setor privado.
Feitas as ressalvas, Lula de alguma forma inverte a máxima de seu neo-amigo Delfim Netto, que dizia, na condição de czar do "milagre" na ditadura, ser necessário fazer crescer o bolo antes de distribuí-lo.
A porção que o governo transfere aos pobres é só uma migalha da riqueza nacional -o Bolsa Família inteiro consome menos de 0,5% do PIB-, o suficiente no entanto para fazer de Lula o líder popular que é.
A posse é daqui a uma semana, mas o segundo mandato já começou. Lula primeiro esvaziou a reforma ministerial. Obrigou aliados a rebaixar suas expectativas e deu o sinal de que pouca coisa vai mudar. Agora esvaziou o pacote, novamente rebaixando expectativas que ele próprio havia suscitado.
Não cresceremos 5% -esse o recado que nos chega do Planalto. Mas e daí? -basta ajustar mais uma vez nossos sonhos, sem traumas.
Para os que podem voar, presente de Natal é avião na hora certa.
Carpe diem. A todos um feliz Natal. E cuidado com a ressaca.

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