Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 23, 2006

CLÓVIS ROSSI Respeito no ralo

SÃO PAULO - Quebrou neste mês uma empresa aérea espanhola, a Air Madrid. O que fez o governo espanhol? Pôs em operação um esquema de emergência que, em uma semana, produziu o seguinte:
1 - Dezesseis vôos, que transportaram de volta para casa 5.400 pessoas colhidas pela quebra em diferentes países, da Romênia à América Latina.
2 - Criou um serviço telefônico que atendeu 53 mil chamadas.
3 - Deu andamento a 7.000 reclamações contra a Air Madrid (é bom saber que o esquema envolve também o Defensor do Povo, o ombudsman do governo, coisa que no Brasil nem sequer existe).
4 - Só nos aeroportos de Madri e Barcelona, atendeu 5.000 passageiros, além de criar um centro especial de atendimento no Campo das Nações, em Madri, pelo qual passaram 152 pessoas. Mérito do governo espanhol?
Não. Mero cumprimento da obrigação básica de todo governante de dar atenção aos problemas dos governados, ainda que criados por uma empresa privada, e não pelo próprio governo.
O que faz o governo brasileiro, no caso do caos aéreo? Tardiamente libera aviões da FAB, e mais nada. A não ser, claro, produzir aquelas frases ocas, escandalosamente óbvias, que são uma das marcas registradas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Disse ele: "O passageiro merece respeito".
Todo mundo merece respeito. Mas respeito não é apenas constatar o óbvio. É agir para que o respeito se dê na prática.
O presidente chegou a antecipar a volta da Bolívia, onde participava de mais uma cúpula inócua, exatamente pela emergência criada pelo caos aéreo. E daí? Nada. A emergência continua, o presidente continua reclamando de organismos do próprio governo e o respeito ao passageiro vai para o ralo. É bem Brasil.

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