Entrevista:O Estado inteligente

domingo, outubro 29, 2006

ELIANE CANTANHÊDE "Lula de novo"



BRASÍLIA - Confirmadas todas as pesquisas, vem aí o "Lula de novo, com a força do povo". E vem com condições surpreendentes de governabilidade, justamente porque embaladas pela popularidade.
Reeleito com cerca de 60% dos votos válidos, apesar de tudo, de todos e daqueles horrores do primeiro mandato, ele inibirá a oposição e será um chamariz.
O PFL, combalido, não terá força para liderar uma oposição demolidora. E o PSDB, com os governos de São Paulo e de Minas e com boas chances em 2010, tende a ser moderado. O ambiente político está desanuviado pela impossibilidade de re-reeleição e pela falta de um forte nome petista para 2010. A pressão sobre Lula e o PT diminui.
E Lula terá apoio de governadores e do Congresso, com um leque de partidos invejável -o PT saiu-se melhor do que a encomenda, o PMDB não perde tempo e os mensaleiros estão em todas.
Além disso, com indicadores internos estáveis e sem grandes ameaças na área externa, o momento é bom para flexibilizar a economia e garantir um crescimento menos vexaminoso. O desafio é fechar as contas. O segundo mandato vai ser um paraíso? Não, não é isso. As condições são favoráveis, mas o grande inimigo de Lula, de sua biografia e de seu governo paira por aí: os escândalos.
O lulismo se mostrou uma fonte inesgotável de surpresas desagradáveis, e o Ministério Público, a Polícia Federal e a imprensa continuam apurando. Parte considerável do eleitorado está indignada.
Qualquer descuido, e um novo escândalo pode gerar uma reviravolta: a popularidade cai, os aliados pulam fora, a oposição parte para o ataque. E Lula já não pode dizer que não vê nada, não sabe de nada.
"Lula de novo" soa como segunda chance. Só depende dele, do PT, de seus ministros, amigos e familiares para dar certo. E é aí que realmente mora todo o perigo.

elianec@uol.com.br

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