Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, julho 28, 2006

Editorial: ignorando promessas comerciais




Editorial: ignorando promessas comerciais

É fácil minimizar a importância do colapso das discussões comerciais globais desta semana. Em meio à matança no Iraque e no Líbano, uma guerra de palavras sobre "subsídios mínimos" e pagamentos de negociações em agricultura parece esotérica, se tanto. Porém os danos aos países mais pobres do mundo, os quais serão negados seus prometidos acessos aos mercados globais e uma chance de competirem, serão enormes.

09:38 27/07

The New York Times

Enorme também será - e com razão - o ressentimento contra as nações mais ricas. Muita dessa culpa deverá ser dirigida à Europa e aos EUA, que novamente decidiram que seu golpe político de seus lobbies da agricultura eram mais importantes do que as repetidas promessas de seus líderes em acabarem com a pobreza mundial.

Essa rodada de discussões comerciais, que começou logo após os ataques terroristas de 2001, deveria reparar décadas de injustiças no sistema comercial global enquanto mostrava o que o mundo civilizado é capaz de fazer em face à barbárie.

Desde a Segunda Guerra Mundial, acordos globais derrubaram barreiras contra a comercialização de bens e serviços, áreas nas quais os países ricos possuem uma grande vantagem comparativa. Porém, fizeram pouco para superar as barreiras contra bens de agricultura e tecidos, áreas nas quais os países pobres podem competir, se a chance lhes for dada.

Essa situação deveria mudar desta vez, com americanos e europeus prometendo fazer grandes cortes nas tarifas e subsídios da agricultura. Países ricos gastam cerca de US$1 bilhão por dia no sustento de seus fazendeiros. Isso estimula a produção exagerada, diminui os preços e torna impossível para os agricultores mais pobres venderem seus produtos no exterior ou até mesmo em seus países.

O mercado, ao qual o mundo desenvolvido jura tanta fidelidade, não tem permissão de funcionar.

É difícil dizer quem tem mais culpa pelo fracasso das discussões, os EUA ou a Europa. Porém, com a Casa Branca de olho nas eleições do Congresso e o presidente Jacques Chirac, da França - cujos agricultores estão entre os mais mimados do mundo - de olho em suas pesquisas, os lobbies agrícolas em ambos os lados do Atlântico novamente preencheram o dia. Brasil e Índia, campeões entre os mais pobres, não ajudaram em nada ao se negarem a abrirem seus mercados crescentes.

Nada de bom virá disso. Os países desenvolvidos não se beneficiarão de uma liberação futura de coméricio, serviços e bens manufaturados. Os países pobres não terão a chance de competirem com sua agricultura. E a economia mundial, que cresce mais rápido quando o livre comércio se expande, poderá hesitar - principalmente se os governos escolherem guerras comerciais ao invés de adjudicações para resolverem suas diferenças.

Com relação às promessas feitas em 2001, para ajudar os países menos desenvolvidos a saírem da pobreza, essas sim foram ignoradas.

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