Entrevista:O Estado inteligente

sábado, maio 27, 2006

MILLÔR

VEJA
Antes de nos darem prisões de segurança máxima, por que não nos dão ruas de segurança mínima?

Dialética para metrópoles
e metropolitanos

(Zenão revisitado)



Noutro dia, com a serenidade que lhe parece peculiar, e grande capacidade de síntese, o governador do estado de São Paulo surgiu à luz da ribalta (ribalta, ainda existe?) e, com invejável serenidade diante do tumulto em frente, acalmou o povo, que esperava sua palavra: "Está tudo sob controle". Estava.

Mas não do ponto de vista do governador.

Porém é preciso não esquecer que o governador é mentiroso. Calma! Não estou me referindo à pessoa desse governador. Estou falando do governador entidade. Todo governador é mentiroso. Esse cargo é pressuposto de mentira. Sobretudo em tempo de crise.

Imagina um governador saindo do hospital onde outro governador está à morte e dizendo: "De hoje ele não passa". No caso presente pensem no condestável sentado na coletiva, comunicando aos jornalistas: "Vou ser sincero; estamos dofudis* e mal pagos". Imediatamente estaríamos todos duidfos** e muuiiito mal pagos.

Mesmo em tempos de bonança, lembram?, já houve, bastava o FhC tirar o pé da cozinha e dizer algumas daquelas bolas de ouro furadas, chamando todos à realidade, pra realidade dele aparecer imediatamente. Feia di campar.

Por isso, pra ajudar governantes, volto à teoria de Zenão, que vocês todos conhecem (ou seja, quase ninguém ouviu falar):

Zenão, imitando o Governador Lembo, ao ver uma seta sendo disparada contra um alvo, ignora a seta, certo de que ela jamais chegará a seu destino. Pois, pra chegar ao alvo, a seta tem antes que percorrer a metade do caminho. Certo? Brilhante, Zenão. Chegando ao meio do caminho, a seta, para chegar ao alvo, tem que percorrer o meio desse meio. Certo também? Evidente. Mas aí ainda tem que percorrer o meio do outro meio, o meio do outro meio e, mesmo quando está a um milímetro do destino, tem que percorrer meio milímetro desse milímetro, e meio do meio, meio do meio, meio do meio, meio do meio, meio do meio, meio do meio, meio do meio, cansou, leitor? A seta, ou qualquer outro projétil, não chega nunca.

O raciocínio é irrefutável.

Bem, um governador pode usar esse princípio para acalmar o ambiente (que, segundo Billy Blanco, merece respeito). Um Presidente pode até ampliar: "Ninguém vai ficar na miséria!". Pois, pra perder tudo que tem, o possuidor tem antes que perder a metade. E depois a metade dessa metade. E depois outra metade. Sempre sobra um feijão.

O problema é um safadinho, sem poder refutar dialeticamente a teoria, exigir do Governador: "Está bem, doutor, teoricamente está provado que o disparo (ou a revolta) jamais chega a seu objetivo. Mas vamos fazer uma experiência empírica:

Vossa Excelência fica em pé ali no canto e eu disparo um teco no seu quengo".

*Misturei as letras da palavra.
**Misturei de novo pela mesma pudicícia.

 

A GLÓRIA
Sorry, periferia suíça!
Antes de vocês, nós já somos HEXA.
Pelo sexto ano consecutivo nosso saite ganha o prêmio PERSONALIDADE, do iBest


Arquivo do blog