Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, março 28, 2006

Lucia Hippolito na CBN:O fim do popstar

   

"Antônio Palocci foi o único popstar do governo Lula – depois do presidente, naturalmente. Foi um sopro de ar fresco num governo em que a maioria dos ministros se notabilizou por bobagens, gafes e assessores apanhados com a boca na botija fraudando a lei.


Palocci foi também a mais grata surpresa do governo Lula. Começou devagarinho, como coadjuvante discreto. O cargo nem era para ser dele, mas por maldade do destino, o escolhido para coordenar o programa de Lula, o prefeito de Santo André, Celso Daniel, foi brutalmente assassinado, e Palocci ocupou sua vaga.


Antonio Palocci podia ter naufragado, nesta fogueira de vaidades que é o PT, sobretudo o círculo mais íntimo que disputava em marcação cerrada as atenções do presidente Lula.


Círculo palaciano não é uma invenção do governo Lula. Mas o que se viu no governo do PT é, de longe, a mais feroz disputa por espaço de toda a história do Brasil republicano. Nunca na história deste país se viu uma briga de foice como a que acontece no círculo palaciano de Lula.


Todo mundo entendeu logo que não era fogo amigo coisa nenhuma. Era fogo inimigo mesmo. Os petistas se odeiam.


Por isso, não foi nenhuma surpresa o fato de Palocci ser quase diariamente contestado por alguém do PT. E quase diariamente defendido por alguém da oposição.


Este paraíso transformou-se em inferno em agosto do ano passado, quando Palocci foi atingido por denúncias de antigos assessores e companheiros de jornada desde Ribeirão Preto.


Uma enxurrada de denúncias caiu sobre Antonio Palocci. Não apenas por freqüentar a tal Casa do Espanto em Brasília, onde acontecia um pouco de tudo em matéria de extravagâncias.


Mas Palocci foi apanhado faltando com a verdade, e mais de uma vez. Sua permanência à frente da política econômica estava ficando cada vez mais difícil, até que ele foi totalmente envolvido no episódio da violação do sigilo bancário de um cidadão que contradisse suas afirmações.


Quando uma autoridade das mais poderosas de um Estado que se quer democrático usa a mão pesada do Estado para intimidar um cidadão, para desqualificar e desmoralizar o testemunho deste cidadão, esta autoridade perdeu as condições mínimas de exercer qualquer função pública.


Palocci caiu porque Lula decidiu que não quer passar à História como o chefe de um governo que, para salvar a pele de um ministro poderoso, persegue o mais humilde dos cidadãos.


Justamente Lula, que gosta tanto de dizer que nunca na história deste país alguém fez mais pelos pobres do que ele.


A agonia do ministro Palocci terminou ontem. Hoje começa a agonia do cidadão comum Antônio Palocci."

Enviada por: Ricardo Noblat

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