Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Editorial da Folha de S Paulo

RECEITAS DA CHINA
Com um quinto da população do planeta, a China parece que chegou ao grupo das grandes potências econômicas para ficar. Em pouco mais de um mês, passou da sétima para a quarta posição no ranking dos maiores PIBs, deixando para trás Itália, França e Reino Unido.
A primeira ultrapassagem ocorreu por razões estatísticas, quando Pequim, endossada pelo Banco Mundial, anunciou que sua economia era 17% maior do que antes estava estabelecido. O restante da escalada é fruto do espetacular crescimento de 9,6% ao ano, em média, desde 1979.
Aquele ano foi o primeiro em que o Partido Comunista começou a realizar experimentos de abertura do país ao capital externo e à iniciativa privada. Dez anos antes da queda do Muro de Berlim, os dirigentes chineses passaram a receber de braços abertos as empresas estrangeiras.
A reforma chinesa se distingue da adotada na ex-União Soviética, que preferiu o atalho da rápida e maciça privatização. O Estado chinês manteve o controle de milhares de empresas e abriu espaço para a iniciativa privada, que cresceu de maneira ininterrupta desde 1979.
Os investimentos -majoritariamente internos, advindos do acúmulo de lucros das empresas- e as exportações impulsionaram o crescimento. Além de oferecer incentivos fiscais e mão-de-obra barata, a China controla o câmbio para que suas exportações sejam muito competitivas.
Em 2004, o país se tornou a terceira maior força no comércio internacional, atrás dos EUA e da Alemanha. No ano seguinte, a soma de suas exportações e importações atingiu US$ 1,4 trilhão, o equivalente a 62% do PIB, o que coloca a China entre as economias mais abertas do mundo.
O volume de investimentos produtivos é de quase 50% do PIB e foi de US$ 1,1 trilhão em 2005 -US$ 60,3 bilhões (5,5%) vieram do exterior.
Mas o caminho não é isento de riscos econômicos e políticos. O governo reconhece que o modelo baseado em exportações e altíssimas doses de investimento vai se exaurindo e tenta estimular o consumo interno. Para o restante do mundo, interessa que a China consiga contornar as turbulências. Uma hipotética crise abrupta em sua economia tenderia a gerar um efeito global devastador.

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