Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, dezembro 02, 2005

LUÍS NASSIF As máximas dos "juristas"

FSP
Como é que se explica que, todas as partes da política econômica sendo certas, o resultado final tenha dado errado? Para ajudar no enorme esforço dos colegas de tentar explicar o fracasso, passando ao largo dos juros, tomo a liberdade de repetir um texto de março de 1999 sobre as máximas dos "juristas" (os adeptos dos juros altos em qualquer circunstância), com algumas adaptações.
Primeira máxima - "Em qualquer nível de atividade econômica, de inflação e de reservas cambiais, os juros sempre estarão defasados em 20%."
Segunda máxima - "Se o consumo cresce, a taxa de juros tem que ser alta para evitar repasse para preços. Se o consumo não cresce, a taxa de juros precisa ser alta para que ele continue não crescendo. Se não existe nem inflação nem consumo em alta, a taxa de juros tem de ser alta por alguma razão que não me ocorre no momento."
Terceira máxima - "Se as reservas cambiais estão baixas, a taxa de juros tem de ser alta para que os dólares entrem. Se as reservas cambiais estão elevadas, a taxa de juros tem de ser alta para que os dólares não saiam."
Quarta máxima - "Se tem corrida contra o real, a taxa de juros tem de ser alta para contê-la. Se não tem corrida contra o real, a taxa tem de ser alta porque é melhor prevenir do que remediar."
Quinta máxima - "Os culpados pelos problemas causados por uma política de taxas de juros excessivamente altas são os adeptos da fracassomania, que criam expectativas negativas, alertando para os problemas causados pela política de taxas de juros excessivamente altas."
Sexta máxima - "Se a política de taxa de juros alta quebrar o país, o problema é com outro departamento. O meu só cuida dos juros."
Sétima máxima - "A culpa de uma política econômica que depende de uma meta inviável para ser bem-sucedida é da meta inviável. Depois que se mostrou inviável, meta inviável não tem pai."
Oitava máxima - "Política de juros conservadora é aquela que conserva o país quebrado."
Nona máxima - "Todo gasto público não destinado a pagamento de juros é, por definição, "gastança"."
Décima máxima - "Toda previsão econômica é absolutamente correta até nossa próxima retificação semanal."

O biólogo e os dinossauros
Autor celebrado de um livro em que retoma os princípios da biologia para entender a economia, Eduardo Giannetti da Fonseca explora bem a irracionalidade intertemporal individual: o impulso que leva as pessoas a privilegiar um momento de bem-estar no presente, sacrificando o futuro.
Foi desafiado a aplicar sua lógica à política monetária. O que explica que, para garantir a tranqüilidade do mercado (e a sua) no curto prazo, o Banco Central adote uma política monetária que, ao aumentar desmedidamente os juros, amplie o endividamento público a ponto de ameaçar o futuro?
Resposta de Giannetti: a alternativa à política monetária atual seria a explosão do consumo, levando a inflação a sair de controle, a economia a se desorganizar, o fantasma da hiperinflação voltar a rondar o país.
É um economista-biólogo que acredita em dinossauros.

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