Entrevista:O Estado inteligente

sábado, agosto 27, 2005

Tales Alvarenga Velhinhas de Taubaté

VEJA

"Todo esquerdista puro-sangue acha que os
fins (fazer justiça social) justificam os meios
(assaltar a elite e o bolso do contribuinte para
garantir a permanência no poder). A tragédia do
PT é que ele só ficou nos meios. O assalto ao cofre"

O fim do PT já começou a provocar uma sensação de vácuo na vida de muita gente. Durante dezesseis anos, desde que Lula foi candidato a presidente pela primeira vez, bastava abrir o jornal e – pam! – lá estava sempre o artigo de um ideólogo petista fazendo todo tipo de malabarismo retórico para apresentar o partido sob cores favoráveis. Nada abalava aquela certeza cega que se demonstrava em relação à pureza do PT.

O grande público não era informado, mas os de casa sabiam de tudo e, como avestruzes, enterravam a cabeça na areia para não ver a bandalheira. Em 1995, o cientista político César Benjamin, um dos coordenadores da campanha de Lula à Presidência, tomou conhecimento de que integrantes do partido estavam fazendo captação de recursos ilícitos. Alertou Lula, nada conseguiu e abandonou o PT.

Em 1997, o economista Paulo de Tarso Venceslau disse a Lula que o advogado e empresário Roberto Teixeira, compadre do atual presidente, estava se valendo do seu nome para tomar dinheiro de prefeituras administradas pelo PT. O caso Venceslau teve grande repercussão quando ele foi submetido a processo interno no partido e terminou expulso da agremiação. Os admiradores do PT continuaram com a cabeça enfiada no buraco. Houve acusações contra petistas no governo do Rio Grande do Sul, em Ribeirão Preto, Campinas e em outros lugares.

Em 2002, foi assassinado o prefeito de Santo André, Celso Daniel. Conforme denúncia feita por seu irmão, o médico oftalmologista João Francisco Daniel, ele foi morto porque mandou desativar um esquema criminoso, montado para recolher dinheiro para o caixa do PT junto a donos de empresas de ônibus na cidade. O achaque petista tornou-se um escândalo de proporções federais.

A vida real vem dando provas de que o partido começou a trocar a pureza ideológica pela corrupção sistemática quando assumiu prefeituras nos anos 90. Aprendeu a roubar nessa fase. Aplicou a tecnologia com tanta desfaçatez no governo federal por um motivo simples. Todo esquerdista puro-sangue acha que os fins (fazer justiça social) justificam os meios (assaltar a elite e o bolso do contribuinte para garantir a permanência no poder). A tragédia do PT é que ele só ficou nos meios. O assalto ao cofre. Os fins nunca foram atingidos nem jamais seriam. Suspeito de que boa parte daquela gente que se mudou para o Palácio do Planalto sabia que seria assim desde o primeiro dia.

O PT teve chance de se corrigir em todos os casos aqui narrados. Também tiveram a oportunidade de enxergar o óbvio todos os petistas bem informados, como o dominicano Frei Betto, que até mesmo trabalhou dentro do Palácio do Planalto com santo Luiz Inácio Lula da Silva. Foi preciso que uma dúzia de estrelas do governo federal fosse apanhada com a mão na mala para que, finalmente, caísse a ficha dos crédulos. Frei Betto anunciou na semana passada que os petistas desmoralizaram a esquerda. Marcelo Coelho, articulista da Folha de S.Paulo, escreveu na primeira página do jornal: "Arrependo-me do meu bom-mocismo em relação ao PT". E, para que a história não terminasse sem algum humor, Luis Fernando Verissimo, colunista de O Globo, matou sua personagem, a Velhinha de Taubaté, aquela que acreditava em todos os políticos apesar de todas as evidências para duvidar. Vai ver que isso tudo é sinal de que caiu a ficha de todas as Velhinhas de Taubaté do petismo encabulado.

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