Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, julho 28, 2005

ELIANE CANTANHÊDE Caminho da roça

Folha de S Paulo
 BRASÍLIA - Desde o Império, tudo passa por Minas, um Estado que já foi rico em ouro, em minérios variados, em gado, em cana da boa e em pão de queijo. Hoje, tudo mudou. O Estado continua rico produtor, mas de dinheiro vivo! Cai em pencas.
Recursos de campanha, de "mensalão" e de outras formas engenhosas de compra de parlamentares passam pelas Gerais. Chegam de bancos, empreiteiras e teles, entram nas empresas do super-Marcos Valério e fluem em malas, sacolas e pacotes para deputados e senadores de diferentes partidos, do PT ao PSDB, do PP ao PFL, do PL ao PTB.
Diante de todos os documentos, depoimentos, contas e saques, vai-se deduzindo que o esquema Marcos Valério começou como caixa dois para campanhas dos tucanos e de seus aliados mineiros e inflou com uma força estonteante para uma espécie de distribuição de dinheiro político no atual governo. Está evidente que os saques seriados não são só de campanha. São de outras coisas, bem mais cabeludas.
Os tucanos e seus aliados deram o "start" e desenvolveram a tecnologia MV. Os petistas gostaram, meteram segunda, terceira, quarta e quinta e dispararam em frente. Agora, são flagrados pelo guarda da esquina em altíssima velocidade, embriagados com o poder e jogando pela janela um Land Rover daqui, um pacote de dinheiro dali, uma cueca cheia de dólares lá adiante. Um rastro e tanto.
Mineiros têm aquele jeitinho quieto, "Uai, sô!", mas não brincam em serviço. O próprio Daniel Dantas, do Opportunity, percebeu bem a ocasião -ou oportunidade? Apesar de ser tão baiano quanto alguns dos maiores gênios da publicidade tupiniquim (Dudas, Nizans...), levou as contas da Telemig Celular e da Amazônia Celular justamente para as agências do "mineirim" Marcos Valério.
Deve ser questão de competência. Quem não tem competência não se estabelece. Aparentemente, quem não compra os outros também não.

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