Entrevista:O Estado inteligente

sábado, junho 25, 2005

Os cofrões do "Freddy Krueger" A ex-mulher de Valdemar Costa Neto diz que o PL comprou um partido

veja




Felipe Patury

 

Heudes Régis
MARIA CHRISTINA
A ex-mulher de Valdemar revelou a VEJA no ano passado a existência de um dos cofrões do deputado

Uma personagem esfuziante entrou na crise política. Desde que foi citada pelo deputado Roberto Jefferson como uma das principais testemunhas do mensalão, a socialite Maria Christina Mendes Caldeira voltou a assombrar seu ex-marido, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, citado como um dos operadores do esquema de mesadas criado pelo PT. Há um ano, eles protagonizaram uma das separações mais estrepitosas já vistas em Brasília. Na ocasião, Maria Christina disse a VEJA que tinha comprado a pedido de Valdemar um "cofrão", mas que não sabia o que o deputado guardava nele. Na semana passada, sua memória reavivou-se. Segundo ela, Valdemar guardava dólares e maços de reais no cofre da casa de Brasília. Aliás, em dois cofres, de 1,60 metro de altura. O deputado também teria um em seu apartamento em Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo. Usava um cofrão em cada cidade porque, de acordo com o relato de sua ex-mulher, ele só paga as contas em dinheiro.

Para custear uma viagem a Paris com Maria Christina, Valdemar teria retirado 40.000 dólares do cofrão brasiliense. A conta de 12 000 dólares do hotel Plaza Athénée, um dos mais caros da capital francesa, teria sido paga em dinheiro, segundo ela. A socialite diz que não sabe de onde vinha tanto dinheiro nem se Valdemar pagava mensalão a deputados. E que Valdemar contou-lhe que teria pago, sim, para que o PST se fundisse com o PL em janeiro de 2003. Por último, afirma que seu ex-marido era íntimo do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, outro acusado de operar o mensalão. Valdemar, diz ela, encontrava-se com Delúbio em hotéis e teria sido um dos poucos não petistas a ir ao aniversário do pai do tesoureiro em 2003. O assessor de imprensa do deputado, Vladimir Porfírio, confirma que Valdemar tem um cofrão em Brasília e outro em Mogi das Cruzes. Nega todo o resto. Inclusive, o tamanho dos cofres, que seriam muito menores do que a socialite diz.

 

Ed Ferreira/AE
COSTA NETO
Ele assombra ela, e ela assombra ele
Há um ano, quando Maria Christina contou as agruras de sua separação, Valdemar cortou a água, a luz e o telefone da casa onde ela morava. Em seguida, abriu na Justiça oito processos contra a ex-esposa. O deputado também processa VEJA por ter publicado a reportagem sobre sua separação. Maria Christina diz que, na ocasião, recebeu ameaças de morte e deu queixa na polícia contra o deputado. Desde que Roberto Jefferson a citou como testemunha do mensalão, voltou a receber ameaças de morte por telefone. Acredita que o ex-marido está por trás das ligações. "Agora, só o chamo de Freddy Krueger: não morre e vive me assombrando", diz. Mas o ex-casal está quite: ele assombra ela, e ela assombra ele.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog