Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, junho 21, 2005

Lula:"Os que torciam pelo desastre do governo temem a reeleição"


BLOG Ricardo Noblat
De Lula em discurso, hoje, em Luziânia, Goiás, na abertura do Congresso da União Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária:
"Eu quero dizer para vocês que, de vez em quando, você é pego de surpresa com notícias que nenhum brasileiro gostaria de ser pego, sobretudo quando se trata de corrupção.
De vez em quando eu fico me perguntando se é isso mesmo que as pessoas querem, porque se as pessoas querem combate à corrupção, as pessoas deveriam estar, todas, sobretudo as que estão acusando, aplaudindo o governo. Porque na história republicana (...) nenhum governo fez, contra a corrupção, 20% do que estamos fazendo. Nenhum governo fez.
(...)
O que não pode é o governo ficar correndo atrás de denúncia vazia. Se tem denúncia contra a atuação do Congresso, é um problema do Congresso Nacional. Ali tem 513 deputados, 81 senadores, ou seja, eles que criem mecanismos de auto-investigação. Não tem como o Poder Executivo fiscalizar. É da responsabilidade dos deputados.
Que criem quantas CPIs quiserem criar. Agora, o que não pode é, por conta de insinuações ou ilações, você deixar de cumprir com o papel do próprio Congresso Nacional, que é votar as coisas que o Brasil tem interesse.
(...)
Nós não podemos permitir que por conta de uma CPI, o Congresso não funcione.
(...)
Vamos pegar a questão do Correio. A questão do Correio, no sábado em que saiu a matéria, nós já abrimos inquérito policial, o acusado já estava fora, nós afastamos o outro diretor. Esse é o papel do governo. Não tem outro papel do Poder Executivo, a não ser fazer isso. É mandar a Polícia Federal para dentro. Se tem outras coisas, que digam, quantas aparecerem...
(...)
Eles não sabem com quem estão lidando. (...) Todas as denúncias que forem pertinentes ao governo federal serão investigadas, contra quem quer que seja, sem bravata, porque neste país eu já vi bravata. Neste país eu já vi alguém ser eleito em nome de ser um caçador de marajá. E todo mundo viu o que aconteceu neste país.
(...)
Eu sou filho de uma mãe analfabeta e pai analfabeto. Minha mãe morreu sem saber escrever um "o" com um copo. E determinadas coisas a gente não aprende na universidade, a gente não aprende na política, a gente não aprende na rua, a gente aprende dentro de casa. Vergonha na cara a gente aprende é dentro de casa.
(...)
Vocês pensam que eles não ficam incomodados porque eu estou aqui sem gravata? Porque tem um ritual, eu sou a negação do ritual histórico que foi criado neste país, mas não pela minha roupa, porque eu até me visto melhor do que muita gente, mas pela minha origem, de onde eu vim, isso é que faz a diferença.
Estar aqui com vocês, fazendo o que estamos fazendo, faz diferença, sabem por quê? Porque incomoda, incomoda muita gente.
(...)
Eu sei que tem gente incomodada: mas 7 milhões de famílias recebendo o Bolsa Família? Em dezembro, vão ser 8 milhões e 700 mil famílias, para a pessoa poder comprar o leite para o seu filho, para a pessoa poder comprar o pão para o seu filho.
Tem gente que não gosta, aliás, tem gente que fala que isso é gasto, tem gente que trata como gasto e, na minha consciência, esse é o investimento, é o investimento que salva uma vida.
(...)
Porque os que torciam para que fosse um desastre o governo, já estão com medo hoje é da reeleição. Esse é o dado concreto e objetivo.
(...)
Começaram dizendo que nós não sabíamos gerenciar, depois começaram dizendo que nós tínhamos muitos ministros, incomodou a eles criarmos a Secretaria da Igualdade Racial, incomodou a eles criarmos a Secretaria da Mulher, incomodou criarmos a Secretaria da Pesca, ou seja, por que incomoda tanto você criar Secretarias que organizam a sociedade? Por que incomoda tanto?
Depois que nós fomos quebrando todas as barreiras que eles foram colocando, todas, eles então resolveram mexer na questão ética. E vejam que tudo isso que nós estamos vivendo é por conta de um cidadão que diz que pegou 3 mil reais. Um cidadão de terceiro escalão.
(...)
Por isso companheiros, como eu ainda não estou candidato, tenho uma função a cumprir até dia 30 de dezembro, e eu sei que quem é oposição tem mais pressa, é sempre assim. O mandato para quem está no governo é curto, de 4 anos, para quem está na oposição é uma eternidade, e vocês sabem que eu tenho experiência de ser oposição, porque já fui quantas vezes?"

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