Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, junho 29, 2005

DESASTRE POLÍTICO editorial da folha de s paulo

 O naufrágio do que seria uma "coalizão" com o PMDB para governar o país, poucos dias depois de o presidente da República ter prometido ministérios e posado ao lado de caciques do partido, evidencia mais uma vez o desastre da articulação política do governo e sua inépcia quando se trata de tomar decisões importantes em tempo adequado.
Desorientado e lento, o Planalto deixa-se atropelar pelos acontecimentos, como ocorreu na queda do ministro José Dirceu, e encontra enormes dificuldades para definir seus rumos. Acaba, dessa forma, por descontentar a todos.
Em meio ao agravamento das suspeitas sobre o "mensalão", com novos indícios acerca da atuação do publicitário Marcos Valério, o presidente Lula segue carregando na Coordenação Política um ministro tecnicamente "morto" para a função -enquanto ele próprio comete equívocos. Foi o caso da expectativa criada com o almoço de sexta-feira no Planalto, no qual o primeiro mandatário recepcionou o presidente do PMDB, Michel Temer, e o do Senado Federal, Renan Calheiros.
Atraíram-se as atenções da mídia e sinais foram emitidos dando conta de que um amplo acordo com a legenda estava por acontecer. Mas não tardou para que governadores e líderes do PMDB recusassem a oferta, enterrando a "coalizão". Antes de expor-se ao fiasco, o presidente Lula precisaria ao menos ter obtido mais garantias sobre as perspectivas da negociação com o PMDB. O terreno deveria ter sido mais bem preparado, certificando-se o Planalto das reais condições para um entendimento.
Às vezes tem-se a impressão de que Lula acredita que sua figura e suas palavras possuem poderes encantatórios, capazes de transformar a realidade sem a necessidade de que nela se exerça a ação humana do trabalho. Faltou, nesse episódio, como tem faltado em outros, o esforço articulador de uma inteligência política, algo que, definitivamente, o governo petista não possui.

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