Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, junho 23, 2005

CLÓVIS ROSSI :Bravata ontem, bravata hoje

folha de s paulo
 SÃO PAULO - Em que mundo vive o presidente da República que o torna capaz de autoproclamar-se o campeão brasileiro (ou talvez mundial) da ética?
É ético fazer carreira política à base de bravatas, como já confessou uma vez e repetiu anteontem no discurso em que se concedeu o título de o mais ético dos brasileiros? É ético eleger-se com base em mentiras (ou bravatas, tanto faz) para só depois de eleito dizer que eram bravatas (ou mentiras, tanto faz)? Não é o mesmo que confessar: "Ah, bobões, enganei vocês todos?". É essa a ética de que se gaba o presidente?
É ético expulsar companheiros e companheiras de partido cujo único crime foi o de acreditarem que Luiz Inácio Lula da Silva dizia a verdade, e não bravatas? É ético expulsar pessoas cujo único crime, como ironiza a senadora Heloísa Helena, agora no PSOL, foi o de cometer "fidelidade partidária"?
É ético andar em "más companhias", para usar a expressão de um querido amigo e velho companheiro do presidente, o ministro Olívio Dutra (Cidades)? Más companhias, aliás, que trabalharam durante um tempo no próprio Palácio do Planalto, como é o caso de Waldomiro Diniz, o que significa que um comportamento nada ético habitou a mesma casa do homem mais ético do país sem que ele percebesse. Não parece exatamente um reforço ao título de campeão do combate à imoralidade que Lula se atribuiu.
É ético falar em criar quantas CPIs forem necessárias depois de o partido de Lula ter feito o diabo para impedir a CPI dos Correios, só se curvando à ela depois que surgiu um novo escândalo, o do "mensalão"?
É ético descartar como "denúncias vazias" acusações que não foram apuradas ainda, ao mesmo tempo em que se defende a apuração de tudo, doa a quem doer?
É ético afastar um ministro (José Dirceu) se, afinal, as denúncias contra ele são "vazias"?

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