Entrevista:O Estado inteligente

sábado, maio 28, 2005

Tales Alvarenga:O show dos animais


"O ministro Aldo Rebelo chegou a afirmar
que há forças querendo desestabilizar
o governo – as mesmas que tentaram
derrubar Floriano Peixoto, Getúlio Vargas,
Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros
e João Goulart"

Tucanos e petistas precisam se acalmar. Os dois únicos partidos brasileiros que pareciam merecer respeito, num mundo de siglas sem caráter, estão decepcionando. O tucanato informa que o PT está encaminhando o país na direção de uma crise institucional. O PT responde salivando que estão tentando criar uma crise artificial para desestabilizar o governo. A crise não é artificial. O PT e seus aliados se afundam em suspeitas de corrupção. Mas o tom da disputa se exacerbou de tal forma que está na hora de pedir mais moderação e maturidade aos dois adversários.

Este não é um bom momento para Lula e seus comandados. É muito difícil reagir em situações assim, mas o PT escolheu o pior caminho. Exibe uma histeria que não se poderia suspeitar fosse uma característica presente entre seus principais líderes. O ministro Aldo Rebelo, da Coordenação Política, chegou a afirmar que há forças querendo desestabilizar o governo Lula – as mesmas que tentaram derrubar Floriano Peixoto, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart. O delírio é um direito universal, mas não se espera vê-lo em homens que estão no comando da nação.

Desse clima de desespero salva-se Lula, mas não se coloca em situação de grande vantagem. Consegue disfarçar o nervosismo à custa de sarcasmo, o que não fica bem num presidente da República. Anunciada a tentativa de criar uma CPI para apurar a roubalheira do PTB nos Correios, os petistas se alvoroçaram, com medo de receber respingos na investigação sobre seus aliados. Nesse momento, perguntaram ao presidente Lula como ele encara a CPI e sua resposta é um clássico do cinismo brasiliense. "Olha só para a minha cara", disse o presidente. "Vê se estou preocupado com isso." O Palácio do Planalto não está preocupado apenas. Está desesperado. O caso dos Correios veio logo depois das acusações contra o ministro Romero Jucá, da Previdência, e das investigações contra Henrique Meirelles, presidente do Banco Central. E, depois dos Correios, seguiu-se outra bomba no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB).

"Eles estão sem rumo, rodando como peru bêbado em dia de Natal", comentou aquele que é tido como um exemplo de elegância, Fernando Henrique Cardoso. FHC chamou ainda os corruptos deste momento de cupins, que estão espalhados por toda parte. E encerrou sua exploração teórica da fauna nativa com esta estocada de gosto rural: "O PT cacareja sem parar e não estou vendo nenhum ovo". Genoino foi para a tréplica. "Eles atacam com a tática do gambá. Espalham o mau cheiro e todos parecem feder."

Na última edição de VEJA, havia na capa um rato como representação dos corruptos brasileiros. Era um rato genérico, por assim dizer, incorporando em seu simbolismo todos os corruptos nacionais. O tesoureiro petista Delúbio Soares entendeu de modo diferente, conforme ele próprio explicou em declaração a um jornal. "Considero uma tentativa de associar minha imagem a um animal (o rato) de que não gosto muito, embora ele exista", afirmou Delúbio. Peru bêbado, galinha, gambá, cupim e rato! Vamos esperar que daqui para a frente essa gente passe a debater coisas mais elevadas. Talvez falando de aves.
VEJA

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