Entrevista:O Estado inteligente

domingo, maio 29, 2005

Governo reabilitou Garotinho -Ricardo Noblat


Garotinho estava no fundo do poço. Ou quase no fundo.
Perdera a guerra contra a violência como Secretário de Segurança Pública do Rio. Perdera no Estado as eleições do ano passado em alguns dos mais importantes municípios. E mais recentemente perdera os direitos políticos - embora ainda tenha tempo de reavê-los para disputar a sucessão de Lula em 2006.
Então o governo resolveu apelar para todos os meios desde que pudesse abortar a CPI dos Correios.
E o ministro José Dirceu, coordenador político in pectore, deixou as diferenças de lado e pragmaticamente apelou para Garotinho.
Somente Garotinho poderia tirar cerca de 15 assinaturas de deputados do PMDB que haviam apoiado a criação da CPI.
O ministro telefonou meia dúzia de vezes implorando a ajuda de Garotinho, segundo relato de Garotinho.
Ouviu que tinha muita cara de pau para pedir procurar a quem tanto o governo maltratara. E ouviu conselhos para não temer a CPI porque todo governo deve satisfações ao Congresso e ao povo.
Garotinho cobrou alto para tirar o traseiro da cadeira.
Como o governo não pagou seu preço, deixou as assinaturas onde estavam e saiu debochando do ministro por aí.
Ficou por cima da carne seca.
Se atacado pelo governo mais adiante, poderá dizerá que está sendo retaliado porque não o socorreu em uma hora difícil.
Quem o imaginava enfraquecido dentro do PMDB será obrigado a admitir que ele continua forte.
Ao cabo, o governo passou um atestado de que Garotinho continua sendo uma peça importante no jogo da sucessão presidencial.
BLOG Ricardo Noblat


O que um diz ter ouvido do outro

D Elvira Lobato, hoje, na Folha de S. Paulo:
"O ex-governador do Rio de Janeiro e presidente regional do PMDB, Anthony Garotinho, voltou ontem a ironizar as tentativas do chefe da Casa Civil, José Dirceu, de obter a retirada da assinatura de deputados ligados a ele do requerimento da CPI dos Correios. Segundo Garotinho, Dirceu é responsável pela desarticulação política do governo Lula.
"Acho que o governo Lula chegou a um grau de confusão política criada pelo ministro José Dirceu. Ele é o criador de toda a confusão", disse Garotinho. "Hoje está claro que as confusões foram criadas por pessoas que eles nomearam. Toda a nomeação passa pela Casa Civil", afirmou.
No programa de rádio ""Bom Dia, governadora", comandado na rádio Tupi pela mulher, Rosinha Matheus, Garotinho disse que Dirceu prometeu apoiar as reivindicações do Estado por maior participação nos royalties do petróleo e pelo desbloqueio de dinheiro da chamada conta B do Banerj, destinado ao pagamento de passivos trabalhistas do antigo banco estadual, privatizado na década passada.
Garotinho reproduziu os supostos diálogos que manteve com o ministro em dois telefonemas, na noite de quarta-feira, intercalando com comentários sarcásticos as frases que atribuía a Dirceu.
Segundo ele, depois de dizer não à primeira proposta feita por Dirceu, o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira (PMDB), lhe telefonou avisando que o chefe da Casa Civil tinha nova proposta a lhe fazer. ""Que proposta? Já deixei clara a nossa posição", teria dito Garotinho a Eunício.
Dirceu, disse Garotinho, começou a segunda conversa sugerindo que convencesse deputados de outros Estados a retirar o apoio à CPI, já que ele se negava a fazer tal pedido aos deputados do Rio.
""Garotinho, então faz o seguinte: os deputados do Rio, vai ser muita bandeira, mas tira os deputados de outros Estados, como o deputado Cabo Júlio (MG) ou o Gilberto Nascimento (SP)", teria dito Dirceu, segundo Garotinho.
O ex-governador disse que respondeu à sugestão de Dirceu com um ""negativo". Em seguida, segundo ele, o ministro acenou com apoio às duas reivindicações da governadora. Segundo Garotinho, Dirceu disse: ""Vamos conversar. Estou disposto a ir ao Rio para a gente retomar os entendimentos sobre a questão dos royalties do petróleo".
Rosinha, que entrevistava o marido no rádio, comentou: ""Nesta hora, ele acha que é devido, mas na hora de mandar, não manda".
Dirceu confirmou, por meio de sua assessoria, que telefonou para Garotinho. Disse, porém, que não falou sobre CPI com o ex-governador. Por conta das recentes declarações de Garotinho, o ministro cancelou sua ida ao Rio, prevista para o fim de semana."
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