Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, abril 25, 2005

Reforma política, já- Lucia Hippolito

"Semana passada o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, afirmou que pretende promover a reforma política com urgência. Disse também que é preciso acabar com o troca-troca partidário, segundo ele uma imoralidade.
Mas o ministro Luís Dulci, secretário-geral da Presidência, discorda. Declarou que isto só vai acontecer depois das eleições de 2006. Segundo ele, "ninguém pode mexer em regras eleitorais sem o consenso dos partidos, muito menos em época de eleições".
A declaração do ministro é interessante, porque torna oficial aquilo que tudo mundo já sabia: os estrategistas do governo já abriram a campanha da reeleição de Lula.
É curioso comparar essas declarações atuais, fresquinhas, com a afirmação do próprio presidente Lula, menos de dois anos atrás. Em viagem à África, em novembro de 2003, Lula declarou que realizaria a reforma política ainda em 2004, segundo ele para "moralizar a atividade política no país".
O que será que aconteceu? Será que a atividade política se moralizou sozinha, sem a necessidade da intervenção do governo federal? Acho que não, e vocês devem concordar que nunca, na história deste país, a atividade política e a classe política estiveram tão no fundo do poço como agora, em termos de imagem junto à opinião pública.
Acho que o presidente Lula percebeu as vantagens de manter o atual estado de coisas, que lhe é muito favorável. Afinal, foi assim que Lula foi eleito, e é assim que Lula conta ser reeleito.
Mas a sociedade dá cada vez mais demonstrações de que passou do limite da tolerância, pelo menos em alguns temas. E a fidelidade partidária é um deles. Hoje, praticamente todo mundo concorda que como está não pode continuar. O troca-troca partidário está quase pornográfico.
É preciso aprovar algum mecanismo para impedir o regime de engorda artificial de alguns partidos e a prática do canibalismo explícito: um partido comendo o outro, para aumentar artificialmente as bancadas. O Congresso Nacional é hoje uma feira-livre.
Mas o ministro Luís Dulci, que pertence ao núcleo duro do governo petista, acabou de enterrar qualquer esperança de moralização, ao declarar que a reforma política só acontecerá depois das eleições de 2006. Traduzindo: depois da reeleição do presidente Lula."
BLIG Ricardo Noblat


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