Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, abril 26, 2005

GUERRA PETISTA

 A julgar pelo tom que assumiu nos últimos dias, a disputa pelos diretórios estaduais e pela presidência do PT promete se constituir em mais uma fonte de turbulências para o governo e a política nacional. As críticas à gestão petista que acompanharam o lançamento da candidatura de Raul Pont, ex-prefeito de Porto Alegre, pela corrente Democracia Socialista (DS), deflagraram uma violenta troca de acusações, que serviu, mais uma vez, para ressaltar as fissuras do partido e prenunciar meses de desavenças e altercações.
Em resposta aos ataques da DS, o secretário-geral do PT, Sílvio Pereira recomendou que os "insatisfeitos" deixassem seus cargos na administração federal -numa demonstração de que a contenda não será travada apenas com as armas da retórica político-ideológica, mas também com as da "Realpolitik" petista.
O tiroteio prosseguiu com ameaças de Pereira e do próprio presidente do PT, José Genoino (que concorre à reeleição), de expor os equívocos cometidos por gestões petistas ligadas às correntes de esquerda. Genoino afirmou que "nenhum concorrente é virgem em matéria de governar" e Pereira não hesitou em apedrejar uma das vitrines da campanha presidencial de 2002 -as administrações do partido no Rio Grande do Sul.
Embora o grupo do presidente Lula e de seus principais assessores, o chamado Campo Majoritário, seja favorito, o processo eleitoral petista deverá exigir do governo uma duplicação de esforços numa área -a da articulação política- em que tem falhado repetidamente. De um lado, o Planalto terá de atender às exigências dos aliados com os quais pretende contar em 2006, notadamente o PMDB, e ceder espaço para candidaturas não-petistas; de outro, precisará se defender do "fogo amigo" e enfrentar as demandas regionais.
Seria de esperar que o PT conduzisse seus embates de maneira mais serena. Tudo sugere, porém, que grande parte das energias políticas do governo será consumida nos próximos meses nessa ruidosa conjunção da guerra interna de seu partido com as articulações visando à reeleição do presidente Lula.

FOLHA DE S.PAULO EDITORIAIS

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