Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Onde ele pisou na bola



Avaliem vocês.
Na íntegra, o polêmico trecho do discurso de Lula, hoje, no Espírito Santo:
"Não é possível, um governante, seja ele de uma prefeitura, seja ele de um governo federal, querer que a economia do seu país se desenvolva, querer que o seu país seja respeitado, querer que o seu país aja com soberania nas relações internacionais, se as pessoas passam o tempo inteiro lamentando e chorando que as coisas não estão bem.
Eu me lembro de um momento, logo no início do governo, quando um alto companheiro meu, de uma função muito importante, foi prestar contas de como tinha encontrado a instituição em que ele estava trabalhando --e me permitam, aqui, não dizer o nome da instituição --e ele me dizia simplesmente o seguinte: 'Presidente, a nossa instituição está quebrada, estamos falidos. O processo de corrupção que aconteceu, antes de nós, foi muito grande. Algumas privatizações que foram feitas em tais lugares levaram a instituição a uma quebradeira.'
Eu disse ao meu companheiro: 'olhe, se tudo isso que você está me dizendo é verdade, você só tem o direito de dizer para mim. Para fora, feche a boca e diga que a nossa instituição está preparada para ajudar no desenvolvimento deste país'. Ele não entendeu. E eu dizia para ele: 'é isso mesmo,' porque se nós, com três dias de posse, ou com três meses de posse, saíssemos pelo Brasil vendendo a idéia de que determinadas coisas importantes em que a sociedade brasileira acredita, se determinadas instituições de que a República tanto necessita, como uma espécie de alavanca para o desenvolvimento deste país, se a gente saísse dizendo que estavam está quebradas, eu me pergunto: que mensagem nós íamos passar à sociedade? Tanto à sociedade interna, quanto à sociedade externa?
Isso poderia ser bom se eu tivesse tomado a decisão de achincalhar o governo que substituí. E eu tomei uma decisão muito pessoal e fiz com que o governo assumisse essa posição, de que o presidente que tinha deixado o governo, tinha feito aquilo que ele entendia que deveria fazer, e eu, ao invés de ficar preocupado com o que ele deixou de fazer, deveria me preocupar com o que eu tinha que fazer neste país.
Portanto, se tinha alguma coisa que não estava funcionando, não era mais da responsabilidade de quem tinha deixado o governo, mas era da responsabilidade de quem tinha assumido o governo. Aliás, meu querido Carlos Wilson (presidente da Infraero), eu, numa linguagem mais popular, sempre digo o seguinte: quando a gente casa com uma viúva, a gente não recusa a família; a gente casa com a viúva, com os filhos, com a mãe, com o pai e com as virtudes e os defeitos que a pessoa possa ter. E a recíproca é verdadeira: quando a mulher casa com o viúvo, também, leva a penca de problemas que, no primeiro momento, pensa que são soluções. Mas isso faz parte da vida."
enviada por Ricardo Noblat



24/02/2005 21:52

Casos mais edificantes

No dia em que revelou em discurso no Espírito Santo ter abafado uma denúncia de corrupção contra o governo passado, Lula aproveitou para revelar também episódios mais eficantes. Alguns:
* MANGA GOELA ABAIXO DO JAPONÊS
"Eu me lembro do Primeiro-Ministro japonês. (Ele) veio almoçar comigo, e eu fiquei sabendo que há 28 anos o Brasil tentava vender manga para o Japão, e o Japão não comprava (...) porque a manga brasileira tinha fama de ter o “bicho da mosca”. Mas isso foi há muito tempo.
Só fala mal da manga brasileira quem não conhece o pólo de fruticultura do Baixo São Francisco, quem não conhece a nossa produção.
Ah, não teve outra: o meu amigo Primeiro-Ministro sentou à mesa, eu coloquei um pratão de manga lá. E expliquei para ele: “eu estou sabendo que vocês não compram manga do Brasil, eu queria que você experimentasse, para você saber se tem alguma manga no Japão melhor do que essa”.
Conclusão: no mês de janeiro, agora, o Brasil exportou a sua primeira carga de mangas para o Japão.
* CARNE GOELA ABAIXO DO RUSSO
"O Presidente Putin, da Rússia, vetou a carne brasileira porque saiu uma matéria – nós somos obrigados a comunicar a uma instituição internacional quando tem um caso de febre aftosa em qualquer lugar.
(...)E aí a Rússia parou de comprar carne do Brasil porque teve um caso de febre aftosa numa cidade da Amazônia, quase divisa com a Venezuela. O Putin chegou na minha sala, peguei o Putin e falei: “Presidente, eu queria lhe mostrar uma coisa”.
Fui lá no mapa do Brasil e falei: “olha, Presidente, acho que vocês estão cometendo um equívoco com o Brasil. Está vendo, aqui, lá em cima, foi naquela cidadezinha que teve um caso de febre aftosa. Aquela região não tem gado, aquilo deve ser um coitado que tem 50 cabeças de gado. A região produtora de gado, Presidente, é essa daqui, é o Mato Grosso, é Minas Gerais, são os estados do Sul e do Sudeste. Aqui nós produzimos. A distância, Presidente, daqui até lá, é muito maior do que da Rússia para a Inglaterra ou da Rússia para a Alemanha. Então, Presidente, não é possível.”
* EM BREVE, DE NOVO O JAPONÊS
"A mesma coisa com o Primeiro-Ministro japonês. Agora eu vou para o Japão, em maio. Vou chegar com uma caixa de picanha e de costela. O embaixador brasileiro sabe que tem que fazer uma churrasqueira, se não tiver na Embaixada.
Vamos convidá-lo (o Primeiro-Ministro japonês) para comer uma picanha e vamos ver se depois ele vai ter problema de comprar a carne brasileira, porque se não for assim, meu caro, se a gente ficar esperando que eles venham aqui comprar, eles têm mais vendedores perto."
enviada por Ricardo Noblat

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