Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Folha de S.Paulo - LUÍS NASSIFGraduação em comércio exterior - 22/02/2005

Existe enorme imprudência na manutenção das atuais taxas de câmbio. Mas, além da defasagem de tempo, existe um outro motivo para explicar a resistência das exportações: o país está colhendo os frutos do esforço para trazer pequenas e médias empresas para o setor, iniciado no governo FHC e acelerado substancialmente na gestão Luiz Fernando Furlan no MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
Dos 200 projetos apoiados pela Apex (Agência de Promoção de Exportações), grande maioria mantém suas projeções de exportação para 2005 com aumentos de 15% a 40%. Esses projetos atendem a 45 setores da economia, que representam 63% da pauta de exportações do país -ficam de fora apenas minério, soja "in natura", setor automobilístico e aeronáutico.
Os setores apoiados pela Apex se comprometem com metas fixas, que são auditadas a cada 90 dias. É isso que permite ao presidente da Apex, Juan Quirós, manter a aposta de US$ 108 bilhões de exportações para 2005.
O ponto central da estratégia de promoção são os eventos. Em 2003, houve menos de 400 eventos setoriais, 8.000 empresas participantes e US$ 2 bilhões em negócios diretos. Em 2004, o número de eventos saltou para 500, com 13.500 empresas e US$ 12 bilhões em negócios. Para 2005, a Apex planejou 550 eventos, com 15.800 empresas e US$ 20 bilhões em faturamento.
O evento é a parte final de um processo de planejamento estratégico. O ponto inicial foi a criação de uma Unidade de Inteligência Comercial, que passou a estudar a dinâmica de cada produto, cruzando dados de demanda internacional e avaliando a dinâmica de inserção brasileira em cada setor.
Com a ajuda do Itamaraty, foram contratadas 20 consultorias externas, incumbidas de analisar, em cada mercado, os produtos potenciais, os principais concorrentes, volume de compra, barreiras tarifárias e não-tarifárias, sistemas de distribuição e logística e tendência do produto nos próximos 24 meses.
Com os dados à mão, foram planejados os eventos, com prioridade para os setoriais, e com a preocupação de fixar a marca Brasil, preferencialmente por meio da música brasileira. Na feira de orgânicos em Nuremberg, além de chefs brasileiros e cachaça orgânica, o fecho será um show de Armandinho e Yamandú -que quase enlouqueceu os russos.
O terceiro ponto da estratégia são as promoções associadas com grandes lojas de departamento e supermercados. No ano do Brasil na França, houve promoções com as redes Cassino e Carrefour, com 4.000 pontos-de-venda, com a Galeries Lafayette, que tem 32 lojas, com a Lafayette Gourmet, com 6 lojas. Em todas houve promoções com produtos brasileiros, que renderam R$ 450 milhões em compras.
A última etapa da estratégia será criar centros de distribuição de produtos brasileiros no exterior. Os primeiros serão em Miami e em Frankfurt.
São poucos anos de investimento, mas o país começa a se graduar em comércio exterior.

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