Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 20, 2003

Diogo Mainardi Escola é perda de tempo


"Pelas estatísticas oficiais, 60% dos
alunos da 4ª série não sabem ler nem
efetuar as quatro operações. Os filhos
dos pobres aprenderiam muito mais
se ficassem o dia inteiro assstindo a
reprises do Scooby-Doo na televisão"

O Estado paga aos pobres para manterem seus filhos na escola. É um mau negócio para todo mundo: custa caro para o Estado e os filhos dos pobres não aprendem nada. Pelas estatísticas oficiais, 60% dos alunos da 4ª série não sabem ler nem efetuar as quatro operações. Ou seja, a escola é uma completa perda de tempo para eles. Aprenderiam muito mais se ficassem o dia inteiro assistindo a reprises do Scooby-Doo na televisão. Os pobres deveriam ser pagos para manter seus filhos em casa.

Desde que assumiu o cargo, o ministro da Educação, Cristovam Buarque, repete que o importante não é medir a quantidade de alunos nas escolas, mas a qualidade do ensino. Ele sempre pede mais recursos para atingir o objetivo. Chega até a incitar passeatas de estudantes contra seu próprio governo. Quando é hora de agir, porém, Cristovam Buarque esquece tudo isso e promete erradicar o analfabetismo oferecendo cursos de seis meses a 20 milhões de iletrados. Quantidade, não qualidade. Basta ler um jornal para perceber que se trata de mais um embuste eleitoreiro. A sorte dos nossos governantes é que os brasileiros são analfabetos e não conseguem entender um artigo de jornal.

Para melhorar a qualidade de ensino, o Ministério da Educação criou um provão para professores. O provão é voluntário. O professor pode ou não se submeter a ele. Difícil entender a lógica dessa medida. Se um professor não sabe sua matéria, é melhor demiti-lo. Se uma escola não ensina, é melhor fechá-la. O salário dos professores demitidos deveria ir para o bolso dos professores competentes. O dinheiro das escolas fechadas deveria ir para as escolas que sabem ensinar. Se faltarem professores competentes para atender a todos os alunos do país, a solução é o telecurso. Uma televisão em cada sala de aula. Os professores incompetentes podem ser convertidos em bedéis.

Outro problema das escolas brasileiras é o currículo. Tem coisa demais. Pretende-se que os alunos do ensino básico aprendam até ética e filosofia moral, os chamados temas transversais. O Ministério da Educação determina que o aluno seja ensinado a "compreender a cidadania como participação social e política, adotando no dia-a-dia atitudes de solidariedade e repúdio às injustiças". A prefeitura de São Paulo conta a mesma lorota. O maior instrumento de propaganda eleitoral da prefeita Suplicy é o Escolão, uma mistura de Projeto Cingapura com Piscinão de Ramos. De acordo com a prefeitura, a função dessas escolas é promover a "integração do cidadão na sociedade". Qual cidadão? Um garoto de 7 anos não é um cidadão, é apenas um garoto de 7 anos. Ele não precisa ser integrado à sociedade, só precisa aprender a ler. Ele não precisa de uniforme nem de merenda, só precisa decorar a tabuada. A escola não pode ser vista como um remendo para todas as nossas carências sociais. Atenção: sempre que um petista usa o termo cidadão, é porque ele quer meter a mão no seu dinheiro.

Tudo indica que Cristovam Buarque será mandado embora do Ministério da Educação. Certamente saberão substituí-lo com alguém ainda pior.

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